Democracia e diferença em tramas político-curriculares contemporâneas: o Escola Sem Homofobia em análise
No texto, apresentamos uma aproximação analítica sobre discursos contemporâneos em torno da diferença sexual em suas referências à educação e, mais especificamente, ao currículo. Objetivamos expor o discurso da diversidade sexual como um dispositivo de controle e regulação da vida e de produção de subjetividades específicas que tenta fechar, de uma vez por todas, os flancos da radicalidade democrática da diferença, mas também, como um espaço onde a vida pode insurgir-se e produzir outros possíveis na educação. O material empírico utilizado para esse exame foi o caderno de conteúdos do Projeto Escola Sem Homofobia, documento produzido no contexto das políticas anti-homofobia assumidas pelo Estado na contemporaneidade. Em sua articulação teórico-metodológica, a análise é realizada em bases pós-estruturalistas recorrendo ao pensamento da Diferença, de Michel Foucault, em suas articulações político-discursivas. Os resultados apontam para o fato de que, embora o programa Escola Sem Homofobia esteja centrado em um discurso pautado na diversidade sexual de tônica neoliberal, é possível encontrar fissuras onde a diferença vibra e possibilita a visualização de linhas de resistência e fuga, indiciando outras referências ético-políticas para a experiência e tratamento da sexualidade nos currículos, compilando colisões para um horizonte democrático na educação. Ainda que exista uma tentativa de determinação final da experiência da sexualidadenas políticas anti-homofobia, pautadas pela fixação de identidades, esse se torna um projeto impossível, frente a pujança da diferença.