A cidade rasurada : intervenções gráficas urbanas, comunicação e imaginação espacial
In: http://repositorio.ufes.br/handle/10/7075
Esta pesquisa investiga o lugar da pichação como mídia radical que junto com a cidade comunica em pequena escala e de diferentes formas, e compreende esta atividade que tem características constituintes híbridas flertando com uma série de fazeres artísticos das artes visuais (como a pintura, as intervenções urbanas e o próprio grafite) e literárias quanto com a subversão, com a criminalidade, com a resistência cultural e política. O tema deste trabalho se insere no campo da imaginação espacial a partir da geógrafa Doreen Massey que afirma que os pressupostos implícitos que fazemos em relação ao espaço são importantes, uma vez que a imaginação como mecanismo produtor de imagens para o pensamento cria modos de conceber o espaço com efeitos e implicações específicas, sociais e políticas. O material documental analisado, pesquisas recentes sobre as intervenções gráficas feitas sobre a cidade, serve como base para a extração das noções de cidade que estão imbuídos em seus discursos. O que se conjecturou foi conceber o espaço urbano e as imagens criadas a fim de estabelecer como as intervenções urbanas gráficas – os pixos e os grafites – borram fronteiras estabelecidas nos territórios da cidade. Assim é que se estabelece que os territórios sejam frutos das interações entre relações sociais e controle do/pelo espaço, relação de poder em sentido amplo, ao mesmo tempo de forma mais concreta (dominação) e mais simbólica (um tipo de apropriação, como nos casos em que analisaremos). O controle desse espaço é feito tradicionalmente por demarcações, por meio de limites e fronteiras, e as intervenções feitas sobre os elementos que compõe a espacialidade urbana multiterritorializam-nos, o que significa ali diminuir ou enfraquecer o controle sobre ele, aumentando assim a dinâmica, a fluidez, a mobilidade, de outras estéticas, informações e discursos alternativos às políticas, prioridades e perspectivas hegemônicas. O trabalho daquele que intervém não é, pois, apenas o de manipular os elementos pictóricos, mas o de se apropriar dos elementos materiais das cidades e dos movimentos que seus habitantes fazem pelo espaço a fim de comunicar ou de sensibilizar seu público. É neste sentido também que as questões políticas, econômicas e sociais são aspectos de leitura que passam pela compreensão da intervenção gráfica urbana ; This research aims to understand how graffiti places itself as a radical medium in communication with the city, on a small scale and in different ways. It understands that graffiti has hybrid components flirting with a series of artistic doings of the visual arts (such as painting, urban interventions and the graffiti itself) and also literary, as with subversion, criminal, cultural and political resistance. The subject of this study belongs to the field of spatial imagination based on the thoughts from the geographer Doreen Massey, which states that the implicit assumptions we make in relation to the space are significant. In this sense, it understands the imagination as a mechanism for production of images, as it creates ways of conceiving the space within all its implications, in social and political effects. The documents reviewed for this study are the recent research on the graffiti interventions over the city and it serves as the basis for the notions on the city that are endowed in their discourses. The goal is to set urban space and the images in order to establish how the urban graphical interventions - Tags and Graffiti - blur the established boundaries in the city's territory. Therefore, it seeks to comprehend how the territories are the result of interactions between social relations and space control, a powerful relationship in a broad sense, at the same time more concretely (domination) and symbolic (a type of appropriation as in those cases where we will analyze). Controlling the space is traditionally done by demarcation, through limits and boundaries, and also the discourses insert on the elements that make up the urban spatiality, which means to diminish or weaken the control over it. Thus, increasing the dynamic fluidity mobility of other aesthetic, information and alternative discourses to the public policies, priorities and hegemonic perspectives. The work of intervening is not to manipulate the pictorial elements, but to be appropriate from the material elements of cities and from their inhabitants movements that make the territory to communicate or to sensitize their audience. It is in this sense that the political, economic, and social issues are aspects passing through the understanding of urban graphical intervention