Este artigo busca refletir sobre como quatro mulheres, com idades próximas, vivenciam o amor e exercitam sua sexualidade, mas também como as políticas de proteção social contemplam suas demandas, a partir de uma perspectiva de classe, gênero e geração. Constata que a formação do par na velhice submete-se a fronteiras de gênero que restringem suas escolhas e as tornam invisíveis no campo afetivo-sexual, ao mesmo tempo em que as obrigam a rever suas afinidades eletivas para tramar o encontro de um parceiro, caso não queiram ficar sozinhas. No tocante às políticas de proteção social, percebe que as mulheres idosas permanecem à margem, principalmente as travestis, que ficam ainda mais expostas a situações de risco e vulnerabilidade, relegadas ao abandono e exclusão.
Este artigo discute os desafios para a aplicação da Lei Maria da Penha em Salvador, Bahia, a partir do depoimento de onze mulheres em situação de violência doméstica e familiar, cujas queixas e demandas sobre a rede de atendimento foram verbalizadas em uma Roda de Conversa, realizada no Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CNDN) em 5 de junho de 2012, para subsidiar a elaboração de um dossiê a ser entregue à CPMI da Violência, durante suas diligências na Bahia. As mulheres consideram o atendimento insatisfatório, tanto nas DEAMs como na Vara, no Ministério Público, no IML e até no Disque 190, uma vez que suas demandas não são atendidas. Sentem-se desprotegidas, humilhadas, desrespeitadas e reféns das situações de violência que as levam a peregrinar por estas instituições.
Este artigo pretende discutir as tramas e enredos erótico-amorosos de mulheres das classes populares em Aracaju (SE), a partir de uma perspectiva de gênero. Os dados foram coletados através de dez relatos biográficos. A análise revela que a cartografia amorosa das mulheres investigadas é desenhada pela extrema miséria que acompanha sua trajetória de vida. O amor, portanto, adquire corporeidade na figura daquele que sacia sua fome e de seus filhos, mesmo quando a relação com o parceiro é permeada pela infidelidade, violência doméstica, ausência de desejo e prazer sexual.
Neste artigo, debruçamo-nos sobre o cotidiano de sete mulheres residentes no bairro de São Cristóvão, localizado na cidade de Salvador (BA), que passaram pela formação do Projeto Mulheres da Paz (MP), do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI - Ministério da Justiça), com o intuito de refletir sobre mudanças e permanências em suas vidas a partir da sua participação no referido projeto. Embora a participação no projeto tenha contribuído para o fortalecimento de sua autoestima, acesso a conhecimento e descoberta de sua capacidade de liderança, o projeto reforça os papeis de gênero tradicionais, o que comprometeu o processo de empoderamento e expôs as mulheres a situações de risco e vulnerabilidade no trabalho de mediação de conflitos.
Este artigo traz uma reflexão sobre as políticas públicas do Estado brasileiro para as mulheres, mais precisamente, o Projeto Mulheres da Paz, política pública do Programa Nacional de Segurança com Cidadania – PRONASCI, do Ministério da Justiça, a partir de nossa experiência como facilitadoras das oficinas de capacitação promovidas pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza - SEDES em parceria com a ONG Avante, para 48 mulheres residentes no Bairro de São Cristóvão, em Salvador/BA. Conclui que, ao concentrar esforços para que as mulheres atuem como mediadoras em zonas de conflito, através do desempenho de atividades calcadas nos papéis tradicionais de cuidado e educação dos jovens, que histórica e socialmente são designados às mulheres, o projeto, embora contribua para a melhoria das suas condições de vida, não potencializa o seu empoderamento e autonomia.Palavras-chave: Políticas públicas; Mulheres da Paz; gênero; mediação de conflitosPROJECT WOMEN OF PEACE: an aim of genderAbstract: This article, brings reflection on the Brazilian government public policies for women, more precisely, the Project Women for Peace, a public policy of the National Program for Public Security with Citizenship - PRONASCI, of the Ministry of Justice, from our experience as facilitators of the training workshops sponsored by the Department of Social Development and Fight Against Poverty - SEATS in partnership with the NGO AVANTE, to 48 women living in the neighborhood of São Cristovão, in Salvador / BA. It concludes that, by concentrating efforts for women to act as mediators in conflict zones, through the performance of activities based in traditional roles of care and education of young people, who are historically and socially assigned to women, the project, while contributing to the improvement of their living conditions, not enhances their empowerment and autonomy.Keywords: Public policies, Women for peace, gender, conflict mediation.
A costa do estado do Pará estende-se por 562 km e conta com 123 comunidades pesqueiras artesanais, distribuídas ao longo de 17 municípios costeiros. Nesta região do estado destaca-se a presença de manguezais, igarapés, rios e estuários. Todos esses fatores que favorecem a produtividade pesqueira dificultam de forma relevante o controle sistemático dos desembarques e, conseqüentemente, a obtenção de estatísticas de produção de pescado. Este trabalho tem como objetivo apresentar as estatísticas de produção pesqueira por espécie, em volume de desembarque, nas áreas estuarinas e marítimas do estado do Pará, e analisar as políticas pesqueiras para os sistemas de produção industrial e artesanal no período de 1997 a 2003. Para estimar as produções pesqueiras das áreas estuarinas e marítimas no Pará, foram controladas mensalmente as embarcações em atividade por tipo de aparelho de pesca utilizado e realizadas amostras dos desembarques de cada uma dessas combinações de embarcação/aparelho de pesca. Na área estudada, os municípios que concentram os maiores desembarques são Belém, Bragança e Vigia. As capturas de atuns e afins passaram a ter alguma representatividade a partir de 2000 e 2002, respectivamente nos municípios de Belém e Curuçá. As espécies ou grupos de espécies mais importantes em volume de captura são pescada amarela, gurijuba, serra, tubarões, pargo, pescada gó, caranguejo, bagre e camarão-rosa e, em valor econômico, lagostas, camarão-rosa e pargo.
Resumo Este artigo avalia social e economicamente a captura de caranguejo-uçá em Maracanã-PA. As informações foram adquiridas através de entrevistas semiestruturadas, conversas informais e acompanhamento da pescaria do caranguejo. Dos dados coletados foi feita uma análise estatística descritiva, utilizando a média como medida da tendência central e o coeficiente de variação foi empregado como medida de heterogeneidade dentro de cada variável amostrada. A renda total anual e o esforço de pesca dos caranguejeiros profissionais foram calculados. Cerca de 20% dos 5.000 usuários da Reserva Extrativista Maracanã trabalha com a captura do caranguejo. A CPUE variou de 20 a 400 caranguejos por homem-dia, com média de 92,2 (±39,2). Todos os pescadores entrevistados utilizam como técnica de pesca o método tradicional do braço ("braceamento") combinado com o uso do gancho, empregado como instrumento prolongador do braço na captura. O esforço de pesca aumentou continuamente no período de 1995 a 2007, correspondendo a 68,93%, passando de 42.172 para 71.240 homens-dia.
Este estudo objetivou evidenciar se os setores classificados pela Bovespa cumpriram a política de reconhecimento, mensuração e evidenciação preconizado pelo pronunciamento CPC 01 referente à operacionalização da perda por impairment. No primeiro momento coletou-se, através do sítio da Bovespa, todas as empresas que registraram a perda por impairment nos ativos imobilizados e intangíveis, em 2008, por meio das notas explicativas. Foram identificadas vinte e cinco empresas pertencentes a sete setores econômicos. Em seguida, aplicou-se o índice de evidenciação proposto pelo estudo de Massoudi (2008), através de um questionário com 18 questões. A análise dos dados ocorreu de forma descritiva, possibilitando a categorização dos setores por grau de conformidade. Como resultado, constatou-se que nenhum dos setores atendeu plenamente aos requisitos preconizados pelo normativo. Quanto ao parâmetro de 50% da conformidade plena, o setor que mais se destacou foi o de utilidade pública, enquanto que os setores de telecomunicação e financeiro não atingiram nem a metade da evidenciação exigida. Como conclusão, verificou-se que os setores representantes da economia brasileira não conseguiram atender, no 1º ano de adoção, aos requisitos mais genéricos estabelecidos pela norma internacional 36.