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O artigo aborda, a partir de um estudo de caso, uma situação de conflito diante da oferta de segurança privada à moradores de uma vizinhança na Zona Sul carioca. O objeto estudado é a classificação, por parte de moradores, dessa oferta de segurança como uma iniciativa miliciana. Com base nisso, discute-se as possíveis metamorfoses dos signos difusos de perigo social na gramática da violência urbana carioca. Assim, os principais objetivos do trabalho são analisar o que o medo despertado pelas milícias produz em termos de sociabilidade em um determinado local, quais suas implicações em termos de temporalidade e suas relações com as representações sociais da violência urbana. O texto insere-se nas discussões que estudam a violência urbana a partir de suas múltiplas manifestações práticas, com o intuito de demarcar o medo como uma categoria analítica útil para esse propósito.

A COVID-19 é um marco em um processo de mudança social. O interesse sociológico sobre esse fenômeno varia entre entender o que mudou ou permanece intacto, quais relações sociais surgem ou se transformam, e quem são os elementos sociais envolvidos.
Este trabalho está interessado em discutir esse último aspecto. Seu principal objetivo é observar que identidades sociais estão relacionadas com as reações emocionais diante da pandemia. As emoções, do ponto de vista das ciencias sociais, permitem pensar as relações entre corpo, subjetividades e mundo. A ênfase no medo dá-se porque ele é uma forma humana contingente e mutável de lidar com o perigo iminente ou imaginado que acompanha o surgimento das pandemias. Assim, residentes da cidade do Rio de Janeiro responderam um questionário online sobre percepções e crenças do Coronavírus, com perguntas baseadas no Self-Reporting Questionnaire (srq-20) sobre saúde mental
e no Fear of COVID-19 Scale (fcv-19s) sobre medo da COVID-19. A partir de análise fatorial, apresentaremos um conjunto de índices para as reações emocionais diante da COVID-19 e, por fim, utilizando regressão multivariada, discutiremos quem as sentem. No fim, mostramos que a pandemia ampliou as desigualdades e diminuiu a qualidade vida representada pela saúde mental e pelo medo.