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EDITORIAL
A recente expansão dos BRICSs – ocorrida na África, e a realização da conferência da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica) – em Brasília, são oportunidades para pensarmos os atuais problemas enfrentados pelo Brasil, apesar de sua efetiva participação no cenário internacional. Com extensões continentais, o País possui em torno de 16 mil Km² em extensão fronteiriça com outros 10 países da América Latina. A faixa de fronteira brasileira é, historicamente, palco de conflitos pouco conhecidos pelo cidadão comum: seja a Guerra da Cisplatina ocorrida ainda no Brasil Império (Séc. XIV); a situação do narcotráfico na fronteira com o Paraguai (Séc. XX); ou os crimes transfronteiriços na região Amazônica (Séc. XXI), o Brasil possui não apenas uma longa trajetória de relações diplomáticas com seus parceiros e vizinhos latino-americanos, mas também papel central junto às economias emergentes. Além disso, internamente, há uma série de demandas por mais conhecimento em áreas como sistema tributário, perfil etnográfico dos indígenas amazônicos, funcionamento de cirurgias no SUS, cuidado de idosos, educação financeira e questões de gênero.
As demandas internas não podem ser deixadas à revelia em detrimento da ampla participação diplomática do Brasil nos foros internacionais – afinal, a população brasileira, que conforme o último censo do IBGE (2023) - publicado recentemente - é de 203 mi de pessoas, demanda emergências diversas em áreas distintas. O segmento das comunidades tradicionais, por exemplo, demanda por mais políticas de valorização dos produtos da sociobiodiversidade (SILVA-JEAN et al., 2022; BARBOSA et al., 2020); por mecanismos que possibilitem aos seus integrantes – agroextrativistas –conhecerem os seus custos (SILVA-JEAN et al., 2022 LEANDO et al., 2020); por uma melhor estruturação das cadeias produtivas às quais participam. Há mais de uma década a Revista de Administração e Negócios da Amazônia – RARA tem contribuído com conhecimento científico para um Brasil protagonista em termos de explicações científicas para os seus atuais desafios.
Nesta edição é composta por 05 (cinco) estudos científicos!
O artigo "Gênero e Gestão do Conhecimento: como Mulheres e Homens de Diferentes Idades Percebem o Compartilhamento de Conhecimento Organizacional", de autoria de Luciana Aparecida Barbieri da Rosa, Aline Moraes Da Costa, Elierge Martins De Souza De Souza, Francies Diego Motke, Waleska Yone Yamakawa Zavatti Campos e Caroline Rossetto Camargo, tem como objetivo identificar métodos utilizados para a aplicação da gestão do conhecimento em organizações e a possível diferenciação da gestão do compartilhamento entre gêneros.
Também publica-se, nesta edição da RARA, a pesquisa de autoria de Gisele de Souza Dias e Marlene Valerio dos Santos Arenas, intitulada "Estudos sobre Cirurgia Bariátrica no Sistema Único de Saúde Publicados no Período de 2016 a 2020". A pesquisa das autoras resultou em uma análise dos estudos publicados sobre o acesso à cirurgia bariátrica e obesidade no período de 2016 a 2020.
Na sequência, dá-se notoriedade aos resultados da pesquisa intitulada "Sistema Integrado Lavoura-Pecuária-Floresta como Alternativa de Subsistência e Desenvolvimento Sustentável para os Povos Indígenas do Lavrado de Roraima", artigo escrito por Luis Henrique Santos Passos e Eliseu Adilson Sandri, com o objetivo de demonstrar o Sistema Integrado de Lavoura-Pecuária-Floresta (SILPF) como alternativa de subsistência e desenvolvimento sustentável dos povos indígenas da Região do Lavrado de Roraima.
Na sequência, divulga-se a pesquisa dos autores Marcelo Rabelo Henrique, Henrique Formigoni e José Carlos Tiomatsu Oyadomari, denominada "Ensaio sobre a Conformidade Tributária Brasileira", a qual teve como propósito analisar as fraudes e conformidade tributária no Brasil, objetivando identificar possíveis contribuições para estes temas

Para finalizar, este número da 14ª edição da RARA temos o trabalho de Keite Crisóstomo Bezerra e Carolina Yukari Veludo Watanabe, intitulada "População Residente em Instituições de Longa Permanência para Idosos no Estado de Rondônia 2020", cujo objetivo das autores foi realizar um diagnóstico das Instituições de Longa Permanência para Idosos no estado de Rondônia.
O renomado pensador do Brasil, Nabuco (1999), em seu livro 'Minha Formação', afirma que mesmo quando o sentimento do brasileiro vincula-se ao seu País, a imaginação continua atrelada à Europa, em parte porque, durante séculos – cerca de 300 anos, a formação acadêmica no país era inexistente e as fontes de conhecimento científico estavam no Velho Mundo. Por conviver com a dualidade dos dois mundos, é natural que conceitos e percepções do sujeito transitem entre a realidade da Europa, o Velho Mundo, e a do Brasil, o Novo Mundo. Nabuco conclui que para pensar e explicar o país, é preciso estimular algum componente brasileiro, ao invés de uma concepção unicamente eurocêntrica como perspectiva de análise. A Revista de Administração e Negócios da Amazônia – RARA, se propõe a ser um veículo de disseminação de conhecimento científico a partir de uma perspectiva brasileira, concepção também adotada pelo governo em foros internacionais. Neste segundo número da 14ª edição, mais do que nunca, em um momento em que o mundo volta o seu olhar para o Brasil, seja pela sua atuação no BRICS ou na OTCA, a RARA posiciona-se como um importante veículo de divulgação científica de estudos brasileiros e também, importante que se diga, amazônicos.
Boa leitura a todxs!
Jean Marcos da Silva – jeansilva@ifsul.edu.br
REFERÊNCIAS

BARBOSA, S. B.; SILVA, J. M.; LUZ, J. P.; LEANDRO, G. BOHN D. Processo produtivo do PFNM Pinhão das Araucárias: o caso do extrativista JDZ no Rio Grande do Sul. Revista de Administração e Negócios da Amazônia, v. 12, n. 1, 2020.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. CENSO DEMOGRÁFICO 2022: população e domicílios – primeiros resultados. Rio de Janeiro - RJ: IBGE, 2023.
LEANDRO, Gabriela. Processo produtivo do PFNM pinhão das araucárias: o caso do extrativista JDZ no Rio Grande do Sul. Revista de Administração e Negócios da Amazônia - RARA, v. 10, p. 182-194, 2020.
NABUCO, J.. Minha formação. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999.
SILVA, J. M. DA, PAES-DE-SOUZA, M., SOUZA FILHO, T. A. DE, RIVA, F. R., & BORBOSA, C. DA S. (2022). Public policies of guarantee for minimum prices on products of sociobiodiversity (PGPMBio): composition of the extraction cost of Amazonian chestnut in Rondônia and Acre. Revista De Administração Da UFSM, 15(1), 62–82. https://doi.org/10.5902/1983465965906.

O estudo tem o intuito de identificar as principais práticas de gestão e responsabilidade socioambiental voltadas para a promoção da sustentabilidade no setor hoteleiro da cidade de Vilhena/RO. Por meio de questionário, conjugado com entrevista informal e simples conversação, verificou-se que a prática ambiental identificada com maior número de respostas negativas está relacionada ao tratamento dos resíduos sólidos. Nenhum hotel possui conhecimento nem ações sobre logística reversa, somente dois adotam ações de educação ambiental e apenas um faz o reuso da água. A economia no consumo de energia destacou-se como sendo a prática socioambiental mais comum. Para os gerentes, há dificuldades a serem enfrentadas para implementar ações sustentáveis de gestão ambiental como a falta da mão de obra qualificada. Notou-se que as empresas estão em um estágio inicial em relação ao conhecimento da legislação e ao desenvolvimento de ações de economia dos recursos naturais.

O Estado visa à promoção do bem-estar a todos os seus cidadãos, de modo a atender às suas demandas, inclusive na região Amazônica. A presente pesquisa visa demonstrar de que forma a cultura influência nas políticas públicas tendo como referência o processo produtivo da Castanha-da-amazônia. Foi possível atingir este objetivo por meio de pesquisas bibliográficas e documentais, utilizando análise de conteúdo e fotoetnografia. Identificou-se que na região amazônica há uma cultura tradicional e fortalecida que a torna relevante para formulação de política pública.