Técnicas etnográficas têm sido apropriadas em pesquisas feitas através da/na internet. O artigo problematiza conceitos como etnografia virtual e netnografia que têm sido empregados para diferenciar métodos de pesquisa off e online. Ainda que haja especificidades da comunicação mediada por computador quanto à interação e linguagens em pesquisas na internet e "fora" dela, elas se dão em ambientes que não devem mais ser tratados como não-lugares ou em termos de real versus virtual como sugerem alguns conceitos.
AbstractThe quest for the so-called perfect body has been an issue in Brazilian society for a long time, especially for women. A number of "digital influencers" perform a fitness lifestyle, producing subjectivities entangled with an idea of success and "well managing oneself." However, as happiness is constructed as a mandatory "individual engineering project," more recently, female influencers have emerged who go against standards of beauty taken as oppressive. They embrace other physiques as forms of self-expression and finding joy, mostly the "big" body. Both forms of self-construction are appropriated by consumer culture and are perceived as authentic, reinforcing individualistic agency in a neoliberal context. But what happens when a fitness influencer accidently leaks the information that she underwent a liposuction procedure? Or when a "body positive" model is criticized for appropriating a plus-size agenda and not having a "true" plus-size body? Based on two Brazilian cases and literature review, this article proposes the notion of "gendered ruptures of performances," which reveal expressive incoherence in the "narratives of the self," thus breaking ideals of authenticity. It is argued that little attention has been paid to female self-presentation dynamics that do not occur as expected. Moreover, since their bodies are constantly subjected to the scrutiny of others, they are more susceptible to having their performances invalidated online.
Os sites de redes sociais têm se convertido em importantes plataformas de socialização e performance de si na recente década, transformando e ressignificando tensões entre as esferas do público e privado. Eles passaram a ter uma presença significativa na vida cotidiana dos sujeitos, nos modos de eles se autoapresentarem e lidarem com seus conflitos emocionais, usando-as como vias de expressão. O artigo tem como objetivo discutir, a partir do caso de uma jovem cujo casamento terminou, como sujeitos que se encontram em situação de fim de relacionamento amoroso se apropriam do Facebook para construírem novas narrativas de si. Concluímos que seu discurso – entendido enquanto ato performático – remete diretamente à ideia de superação e que a plataforma parece auxiliar no processo de lidar com a dor da separação amorosa, ao mesmo tempo em que foi apontada como causadora da mesma.