Close but far: the real distance between blacks and whites in the largest Brazilian city
In: https://hdl.handle.net/10438/28890
A democracia racial é, há muito, um mito questionado no Brasil. Todavia, níveis médios e baixos de segregação têm sido encontrados para metrópoles brasileiras, em contraste com uma vasta literatura qualitativa indicando separação social entre negros e brancos no Brasil. Isso pode resultar de um problema de mensuração, visto que a maior parte dos estudos utiliza o Índice de Dissimilaridade em sua versão aespacial (D), ainda que sua consistência seja amplamente questionada: D não leva em conta relações de vizinhança entre as unidades geográficas, é sensível à forma como a área de estudo é subdividida e pode falhar em capturar certos padrões de segregação, a depender da escala na qual este fenômeno acontece. Como áreas onde predomina um padrão de micro-segregação estão pouco documentadas pela literatura empírica quantitativa sobre cidades brasileiras, essa pesquisa busca enriquecer a discussão teórica sobre segregação no Brasil. D é comparado com uma medida espacial de Entropia (REARDON; O'SULLIVAN, 2004) na parte Centro-Oeste da Região Metropolitana de São Paulo – região de urbanização mais antiga e onde se encontra o centro financeiro e comercial da metrópole. Usando dados do último censo demográfico (2010), a Entropia foi calculada considerando tanto a distância euclidiana, quanto o tempo de deslocamento (Open Street Maps) para estabelecer relação de vizinhança entre os setores censitários, sendo o tempo de deslocamento uma melhor proxy para a distância entre dois pontos em um espaço urbano. Ambas as distribuições (de D e da Entropia) foram trianguladas com a descrição estatística da condição socioeconômica dos grupos raciais, com uma análise qualitativa da paisagem por meio de imagens de satélite e da vista da rua (Google Maps), com a composição racial de escolas e com a segregação escolar na mesma área, calculada com dados do censo escolar (2010). Os resultados sugerem que brancos têm escolaridade mais elevada e salários mais altos que a população negra: 27% dos brancos chegam à universidade, contra 8.7% de ...