A monocultura da mente e o etnocídio na Bacia do Xingu: pela defesa de uma ecologia de saberes
In: InterAção, Band 9, Heft 1, S. 71-97
ISSN: 2357-7975
O atual quadro da modernidade, marcado pela globalização, impõe inúmeros desafios à garantia e efetivação de direitos em várias esferas. O presente trabalho objetiva demonstrar que nesse contexto impera uma forma específica de racionalidade que tem como reflexo o extermínio de outras formas de saber e, em última medida, o massacre de etnias inteiras. Como exemplo, utiliza-se o caso do etnocídio decorrente da construção da usina de Belo Monte, na região da bacia do rio Xingu, no norte do Brasil. Desde uma abordagem complexa, o artigo também visa a refletir acerca dos limites e das possibilidades para a superação dessa racionalidade definida enquanto monocultura do pensamento por um novo paradigma. A aposta é na ideia de hermenêutica diatópica como uma forma de cosmopolitismo insurgente, e enquanto possibilitadora de uma ecologia de saberes. A partir disso, busca-se avaliar em que medida este poderia ser um caminho para a consolidação de um estado democrático de direito capaz de proteger efetivamente os direitos de populações em posição de vulnerabilidade, como, por exemplo, os segmentos indígenas.