As mulheres nas escolas de engenharia brasileiras: história, educação e futuro
In: Cadernos de gênero e tecnologia, Band 1, Heft 4, S. 9
ISSN: 1807-9415
Historicamente, as mulheres foram afastadas do círculo criativo e líder da produção científica e tecnológica. Isso limitou sua atuação fora da esfera privada da casa e foi, séculos após séculos, evidenciado pela sua ausência e condução em carreiras como física, química, biologia, matemática e engenharia. O acesso das mulheres à leitura e à escrita, algo que começou em meados do século XVII, foi mudando seu lugar nas sociedades e, por conseqüência, sua participação em carreiras científicas e tecnológicas. Hoje, não há restrições aparentes para o seu acesso aos sistemas educacionais, mas ergue-se urna série de outras barreiras que restringem que participe mais da produção do conhecimento cientifico e tecnológico, hierárquica e territorialmente, num universo ainda predominantemente masculino de pesquisa e ensino. Embora tenha crescido o número de mulheres nos cursos de engenharia nos últimos anos, a média de professoras e pesquisadoras, em áreas como engenharia e ciência da computação, segundo o último censo do CNPq, é de 25%. Trabalhos realizados na Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e no Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina, por exemplo, pesquisam a presença feminina na engenharia nos séculos XX e XXI, recuperam a história das pioneiras e investigam questões sóciohistóricas e epistemológicas. Corno uma maior participação das mulheres na engenharia poderia contribuir para a construção de uma tecnologia mais voltada ao bem-estar das pessoas e uma educação tecnológica crítica que melhor prepare os engenheiros para os desafios contemporâneos?