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O presente artigo busca apresentar sinteticamente a teoria estética do filósofo húngaro György Lukács como fundamento do papel ativo que a arte desempenha no processo de enriquecimento da personalidade humana. A abordagem materialista trazida aqui trata das origens histórico-sociais da arte, isto é, da gênese e do desenvolvimento paulatino, desigual e contraditório do reflexo estético. Nosso ponto de partida, portanto, não poderia ser a arte que conhecemos hoje, nem poderia ser as expressões artísticas do passado. O princípio de tudo é o desprender-se da arte da atividade consciente do trabalho. Em seguida, apreende-se a particularidade como categoria central do reflexo estético, para que, finalmente, se demonstre a arte como um importante elemento da formação da autoconsciência e do enriquecimento da personalidade humana.

A intepretação de György Lukács sobre a teoria social de Marx configura-se uma das mais importantes da história do marxismo, sobretudo o do século XX. Destacam-se entre as problemáticas tratadas pelo filósofo húngaro, suas reflexões acerca do estranhamento [Entfremdung], presentes no último capítulo do segundo volume de Para uma Ontologia do Ser Social. Nesta obra, Lukács demonstra que o estranhamento é um fenômeno histórico-social, em que produz a deformação da personalidade dos sujeitos. Sob a influência e, ao mesmo tempo, se opondo a Hegel, Lukács cinde em sua análise do trabalho o processo de objetivação [Vergegenständlichung], referindo-se ao momento objetivo; do momento da alienação [Entäusserung], referindo-se ao momento subjetivo. Desta forma, passando pelas concepções de Hegel e Marx, sustentamos que o tratamento dado por Lukács acerca do estranhamento corresponde a uma nova e pertinente interpretação deste tema.