Este dossiê foi gestado durante diversas discussões sobre educação e sobre o incômodo de perceber o quanto estamos distantes ainda de uma educação em que prevaleçam os direitos humanos e as diversidades. Apesar de a educação, em todas as suas conformações, acompanhar o desenvolvimento da humanidade; nações, países e povos sempre a utilizaram como ferramenta de poder, como meio para se chegar a lugares de poder, daí nossa necessidade de apresentar este dossiê com vozes oriundas de diferentes instituições e de diferentes lugares sociais. Educação é poder e Lebrun (2004, p. 18) chama a atenção para um aspecto dicotômico do poder: "Só podemos o possuir às custas de outra pessoa" ou "o poder que possuo é a contrapartida do fato de que alguém não o possui". No entanto, ressalta que o poder nem sempre é um "puro limite imposto à liberdade" (ibid., p. 20), já que ele se faz presente em todos os tipos de relação (econômicas, intelectuais, sexuais e em outras). Com a força dessa assertiva, podemos afirmar ser a educação uma das mais significativas arenas de poder em que direitos humanos e diversidades são, muitas vezes, postos à parte. Quanto aos direitos humanos, a UNICEF[1] define-os como: "Os direitos humanos são normas que reconhecem e protegem a dignidade de todos os seres humanos. Os direitos humanos regem o modo como os seres humanos individualmente vivem em sociedade e entre si, bem como sua relação com o Estado e as obrigações que o Estado tem em relação a eles". Nesse rol de obrigações encontram-se a educação e o respeito à diversidade: temas aqui discutidos.
[1] Disponível em <https://www.unicef.org/brazil/o-que-sao-direitos-humanos>. Acesso em 1º dez. 2021.