Mulher negra no campo de pesquisa: dilemas éticos e tensões epistemológicas em uma etnografia sobre mulheres no tráfico de drogas
In: Ñanduty, Band 9, Heft 14, S. 72-91
ISSN: 2317-8590
As adversidades encontradas durante a realização da pesquisa de campo podem contribuir para compreensão do problema de pesquisa e para repensar os procedimentos metodológicos. O objetivo deste artigo é discutir, desde meu lugar de mulher negra, jovem e pesquisadora, os entraves e desafios encontrados em uma experiência de pesquisa etnográfica realizada com mulheres envolvidas no tráfico de drogas em um bairro da periferia de Belém, estado do Pará. A partir dessa experiência e lugar analiso as condições de produção do conhecimento etnográfico, que nem sempre são favoráveis/confortáveis tanto para o/a pesquisador/a como para seus interlocutores, considerando, a partir de um debate teórico e epistemológico, as situações arriscadas e os dilemas éticos que me envolvi. Por fim, defendo que pensar a partir do meu lugar de mulher negra permite analisar as adversidades, as situações de risco e os percalços encontrados no campo de pesquisa sob a perspectiva de questões estruturantes específicas, e que isso, se submetido ao rigor inerente ao exercício da prática antropológica, pode resultar em valiosos rendimentos analíticos e metodológicos.