The State, through its public institutions, and sometimes through private ones, promotes and manages the necessary measures to make citizens' rights effective. In the current situation, in which poverty and social exclusion rates are very high, it is important to carry out a reflection on the effectiveness of certain measures implemented to alleviate situations of need in the region of Murcia (Spain). European regulations provide numerous tools for the struggle against poverty, social exclusion, and, implicitly, hunger. The Fund for European Aid to the Most Deprived (fead) assigns funds to each European country, on the basis of their poverty and unemployment rates, to buy food that will later be distributed by non-profit entities in order to reduce poverty and foster social inclusion. Food Banks, for example, function in this case as Associated Distribution Organizations (oad, according to the acronym in Spanish) that receive the food products acquired and distribute them among the Associated Delivery Organizations (oar, according to the acronym in Spanish), which, in turn, deliver them to the target population.The article carries out a reflection on food protection within the national Spanish legal framework, as well as on its specific situation in the region of Murcia. On the basis of in-depth interviews and of the discourse of professionals from the delivery entities and of beneficiaries, the article delves into the scope of food delivery financed by fead and its effectiveness in satisfying the right to food and as a measure fostering social inclusion. The perception and assessment of this resource by its beneficiaries serves as the basis to analyze other aspects related to the image of poverty and its visibility. ; El Estado, a través de las instituciones públicas y, en ocasiones, privadas, promueve y gestiona las medidas necesarias para hacer efectivos los derechos de la ciudadanía. En la coyuntura actual en la que las cifras de pobreza y de exclusión social son muy elevadas, es importante reflexionar sobre la eficacia de determinadas medidas llevadas a cabo para paliar situaciones de necesidad en la región de Murcia (España). La normativa europea propone numerosas herramientas de lucha contra la pobreza, la exclusión social y, de manera implícita, contra el hambre. El Fondo de Ayuda Europea para las Personas más Desfavorecidas (fead) propone una dotación económica para cada país europeo en función de sus tasas de pobreza y desempleo que les permita adquirir alimentos para, posteriormente, ser repartidos por entidades sin ánimo de lucro, con el fin último de disminuir la pobreza y favorecer la inclusión social. Los Bancos de Alimentos, por ejemplo, funcionan en este caso como Organizaciones Asociadas de Distribución (oad) que reciben los alimentos adquiridos y los distribuyen entre las Organizaciones Asociadas de Reparto (oar), que a su vez los entregan a la población destinataria.En esta investigación se reflexiona sobre la protección a la alimentación en el marco jurídico nacional español y sobre la situación de esta en la región de Murcia. A través de entrevistas en profundidad y del discurso de profesionales de las entidades de reparto y de las personas beneficiarias, se profundiza en el alcance del reparto de alimentos con cargo al fead y en su eficacia para satisfacer el derecho a la alimentación y como medida favorecedora de inclusión social. La percepción y valoración del recurso por parte de sus beneficiarios sirve de base para analizar otros aspectos relacionados con la imagen de la pobreza y su visibilidad. ; O Estado, por meio das instituições públicas e, em ocasiões, privadas, promove e administra as medidas necessárias para tornar os direitos cidadãos efetivos. No cenário atual, no qual as cifras de pobreza e de exclusão social são muito elevadas, é importante refletir sobre a eficácia de determinadas medidas realizadas para reduzir situações de necessidade na região de Murcia (Espanha). A normativa europeia propõe numerosas ferramentas de luta contra a pobreza, a exclusão social e, de maneira implícita, contra a fome. O Fundo de Auxílio Europeu às Pessoas mais Carenciadas (fead) dispõe uma verba para cada país europeu em função de suas taxas de pobreza e de desemprego que lhes permita adquirir alimentos para serem distribuídos por entidades sem fins lucrativos, a fim de diminuir a pobreza e favorecer a inclusão social. Os Bancos de Alimentos, por exemplo, funcionam nesse caso como Organizações Associadas de Distribuição que recebem os alimentos e os distribuem entre as Organizações Associadas de Repartição, que, por sua vez, os entregam à população-alvo.Nesta pesquisa, reflete-se sobre a proteção à alimentação no âmbito jurídico nacional espanhol e sobre a situação desta na região de Murcia. Por meio de entrevistas em profundidade e do discurso de profissionais das entidades de distribuição e das pessoas beneficiárias, aprofunda-se no alcance da distribuição de alimentos sob responsabilidade do fead e em sua eficácia para satisfazer o direito à alimentação e como medida favorável de inclusão social. A percepção e valorização do recurso por parte de seus beneficiários serve de base para analisar outros aspectos relacionados com a imagem da pobreza e sua visibilidade.
Este libro registra los desafíos actuales de la urbanización latinoamericana. En él, se analiza el diseño de sociedades sometidas a procesos de destrucción del tejido urbano y a los impactos de los principios neoliberales que desarticulan la acción del Estado. ¿Cómo crear una forma de gestión urbana comprometida con los movimientos sociales y con racionalidades alternativas en la apropiación de la ciudad? La reorganización mundial del capitalismo desterritorializa decisiones económicas y políticas e interfiere en la sociabilidad. ¿Cómo resistir a la fragmentación y al encapsulamiento excluyente de la ciudad? Sin duda, los rápidos consensos, característicos del pensamiento hegemónico, ocultan los intereses que impiden la ampliación de la experiencia democrática en las ciudades latinoamericanas. Es necesario, por lo tanto, identificar estos intereses y denunciarlos. Es indispensable reconocer el rostro urbano de América Latina. Hoy, la creciente periferización de las clases populares demuestra la ausencia de enfrentamiento político real de los intereses que dominan la escena urbana. Entretanto, posibilidades de autoorganización germinan en el tejido urbano todavía contenidas por la fuerza del discurso dominante. Es con estos elementos y cuestiones que este libro presenta conceptos y fenómenos que estimulan la presencia de las ciencias sociales en la formulación de un nuevo ideal de desarrollo urbano, comprometido con la justicia y la defensa de identidades culturales profundas. Este livro registra desafios atuais da urbanização latino-americana. Nele, é apresentado o desenho de sociedades submetidas a processos de destruição do tecido urbano e aos impactos das diretrizes neoliberais, que desarticulam a ação do Estado. Como criar uma forma de gestão urbana comprometida com os movimentos sociais e com racionalidades alternativas na apropriação da cidade? A reorganização mundial do capitalismo desterritorializa decisões econômicas e políticas e interfere na sociabilidade. Como resistir à fragmentação e ao encapsulamento excludente da cidade? Sem dúvida, os rápidos consensos, característicos do pensamento hegemônico, ocultam os interesses que impedem o alargamento da experiência democrática nas cidades latino-americanas. É necessário, portanto, identificar estes interesses e denunciá-los. É indispensável reconhecer o rosto urbano da América Latina. Hoje, a crescente periferização das classes populares demonstra a ausência de real enfrentamento político dos interesses que dominam a cena urbana. Entretanto, possibilidades de auto-organização germinam no tecido urbano, ainda contidas pela força do discurso dominante. É com estes elementos e questões que este livro apresenta conceitos e fenômenos que estimulam a presença das ciências sociais na formulação de um novo ideário de desenvolvimento urbano, comprometido com a justiça e a defesa de identidades culturais profundas. Dado el caracter regional del conjunto de los programas de CLACSO, el presente volumen contiene textos escritos en los idiomas de origen de los autores (español y portugués). Sólo se tradujeron la introducción, los títulos y la contratapa del libro a los efectos de garantizar una mejor presentación del mismo. Dado o caráter regional do conjunto dos programas de CLACSO, o presente volume contém textos escritos nos idiomas de origem dos autores (espanhol e português). Foram traduzidos somente a introdução, os títulos e a contracapa do livro, para garantir uma melhor apresentação do mesmo permitiendo la apertura de un espacio de solidaridades horizontales y de enunciaciones plurales. ; INDICE Ana Clara Torres Ribeiro Grandes eixos analíticos: processos e ideários Apresentação Ana Clara Torres Ribeiro Grandes ejes analíticos: procesos e idearios Presentación PARTE I DOSSIER QUITO: ESPERANZAS DE DEMOCRACIA EN CONTEXTOS DE CRISIS SOCIETARIA DOSSIER QUITO: ESPERANÇAS DE DEMOCRACIA EM CONTEXTOS DE CRISE SOCIETÁRIA Augusto Barrera G. Innovación política y participación ciudadana El sistema de gestión participativa del Distrito Metropolitano de Quito Mario Unda El nuevo rostro de la conflictividad urbana en el Ecuador PARTE II DEL ÁNGULO DE LAS ESTRUCTURAS: MUNDIALIZACIÓN, RED URBANA Y RED TÉCNICA DO ÂNGULO DAS ESTRUTURAS: MUNDIALIZAÇÃO, REDE URBANA E REDE TÉCNICA Luis Mauricio Cuervo González Desarrollo económico y primacía urbana en América Latina Una visión histórico-comparativa Susana Finquelievich Ciudades y redes telemáticas: centralidades y periferias en la sociedad informacional PARTE III DEL ÁNGULO DE LA REESTRUCTURACIÓN PRODUCTIVA Y DEL TRABAJO: PRIVATIZACIÓN, DESEMPLEO Y DESINDUSTRIALIZACIÓN DO ÂNGULO DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E DO TRABALHO: PRIVATIZAÇÃO, DESEMPREGO E DESINDUSTRIALIZAÇÃO Rosélia Piquet A reestruturação da economia brasileira: desnacionalização e desemprego Inaiá Maria Moreira de Carvalho, Paulo Henrique de Almeida, e José Sérgio Gabrielli de Azevedo Reestruturação produtiva e estrutura social metropolitana em Salvador PARTE IV DEL ÁNGULO DE LA SOCIABILIDAD: SEGREGACIÓN ESPACIAL, ESTILOS DE VIDA Y DESIGUALDADES SOCIALES DO ÂNGULO DA SOCIABILIDADE: SEGREGAÇÃO ESPACIAL, ESTILOS DE VIDA E DESIGUALDADES SOCIAIS Danilo Veiga Desigualdades sociales y fragmentación urbana: obstáculos para una ciudad democrática Ana Falú e Cecília Marengo Las políticas urbanas: desafíos y contradicciones PARTE V DEL ÁNGULO DE LA GESTIÓN URBANA Y DE LOS ACTORES POLÍTICOS: ALIANZAS, RIESGOS Y ARENAS DO ÂNGULO DA GESTÃO URBANA E DOS ATORES POLÍTICOS: ALIANÇAS, RISCOS E ARENAS Héctor Poggiese Alianzas transversales, reconfiguración de la política y desarrollo urbano: escenarios del presente y del futuro Mario Lungo Expansión urbana y regulación de la tierra en Centroamérica: antiguos problemas, nuevos desafíos Rainer Randolph Arenas políticas e agenciamentos governamentais: uma discussão de novos formatos a partir da experiência do Programa Favela Bairro e do Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro PARTE VI DEL ÁNGULO DE LA CRISIS DE LA CIUDAD INDUSTRIAL: SABERES, PRÁCTICAS Y DISCURSOS DO ÂNGULO DA CRISE DA CIDADE INDUSTRIAL: SABERES, PRÁTICAS E DISCURSOS Tamara Tania Cohen Egler Refletindo a transição da sociedade industrial para a sociedade da comunicação Hernán Armando Mamani Alternativo, informal, irregular ou ilegal? O campo de lutas dos transportes públicos Ana Clara Torres Ribeiro e Cátia Antonia da Silva Impulsos globais e espaço urbano: sobre o novo economicismo
Destacarmos a comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante leva-nos a recordar a revolução cultural, intelectual e política que dela irrompeu. É indiscutível que a Reforma edifica um dos acontecimentos decisivos na história da Europa e do mundo, tendo influenciado profundamente a perceção teológica, histórica, mental e política da cultura ocidental em geral. O ideário da Reforma teve implicações não apenas religiosas, mas igualmente políticas, sociais, culturais e linguísticas, revestidas de um pendor revolucionário na medida em que a extensão das suas consequências foi vastíssima, patente, por exemplo, na criação da ideia de nação protestante, nacionalista e, sobretudo, baseada no sistema erastiano (e.g. a Grã-Bretanha). Por outro lado, gerou uma bipolarização no mundo, devido a Contrarreforma, liderada por Espanha e Filipe II, de cariz católico e tradicionalista, embora a ideia inicial fosse também uma transformação da Igreja. Considerado um dos precursores do Iluminismo e da democracia, Lutero criou os alicerces para o conceito de cidadão responsável. Não descobrindo a liberdade moderna, intensificou a dialética em que a liberdade é reconhecível como um processo ambíguo. Associado ao humanismo, transformou a visão do homem dando maior ênfase a liberdade e responsabilidade do indivíduo, criando uma base para a participação social e política e imputando ao estado a responsibilização na educação escolar. Deixou uma marca profunda na sociedade, dando impulsos importantes no âmbito do ensino, da música, das artes e da língua com a tradução da Bíblia, promovendo assim um fortalecimento do diálogo intercultural para a aproximação das Culturas. Ainda que numa época e contexto muito específicos, terá sido, como sublinha Timothy Garton Ash, criador deste neologismo (Herspring, 1994), uma Refolução, isto é, um processo de alteração política, social e económica que combina simultaneamente elementos da reforma, ou modificações estruturais, e elementos da revolução. Em vez de destruir totalmente os antigos sistemas, os novos sistemas políticos democráticos baseiam-se naqueles não só em termos de estrutura, como de pessoas. Este autor pretendia referir-se a Europa de Leste, nomeadamente Polónia, República Checa, Eslováquia e Hungria. Posteriormente, o neologismo passou a ser igualmente aplicado a s primaveras árabes (cf. Keane, 2011). Esta amálgama acaba por ser "uma recusa radical da escolha entre revolução e reforma", termos estes que se podem apresentar como particularmente sensíveis em determinadas culturas, devido a violência que ocorreu nas respetivas histórias nacionais e/ou locais. A palavra cunhada pretende afastar-se da violência inerente a s revoluções, uma vez que as primaveras árabes, neste caso, se distinguiram pela recusa de os intervenientes enveredarem por reações violentas, típicas da lógica revolucionária. Outros aspetos distintivos residem na atenção colocada a civilidade, ou seja, no significado estratégico que a construção e defesa do espaço público implicam, manifesta, por exemplo, na integração de várias crenças religiosas no mesmo espaço, entre outros. A Reforma Luterana, começando por representar um grito de protesto contra os abusos da Igreja Católica, acabou por ter implicações revolucionárias em todas as áreas da vida humana que não apenas no campo religioso. Na senda da defesa contínua da liberdade humana e da proteção dos direitos fundamentais da humanidade, estes movimentos reformistas, com pendor revolucionário, têm a missão de renovar conceitos, ideias e valores que (refutam e) se impõem a paradigmas existentes. Desde 1517 a 2017, o mundo viu-se confrontando com alterações substanciais que moldaram o mundo, de Ocidente a Oriente. A sucessão de diferentes paradigmas ao longo dos tempos convocou em lugares e momentos distintos valores e ideias, cujo poder mobiliza culturas e gera conquistas ou fracassos. Os trabalhos apresentados cumpriram, em número e qualidade, os objetivos e desafios inicialmente propostos. As áreas da cultura, da literatura, da tradução e da língua estiveram em destaque, abordando temas como o ensino das línguas e as novas propostas didáticas; a importância das primeiras traduções da bíblia como elemento reformista, mas ao mesmo tempo revolucionário, na estrutura social e política da Europa seiscentista e as implicações políticas, sociais e religiosas da Reforma, só para indicar alguns. Para nosso regozijo, as comunicações foram apresentadas em quatro línguas estrangeiras (LE), direta ou indiretamente: português (enquanto LE), inglês, espanhol e alemão. Podemos, pois, concluir que os resultados finais do colóquio ultrapassaram em larga medida as expectativas do nosso Departamento, pela diversidade e profundidade de temas trazidos ao debate, não apenas confinados à área das línguas estrangeiras, mas alargados a um espectro mais abrangente que é a área das humanidades. ; info:eu-repo/semantics/publishedVersion
Novembro de 2011. A crise da dívida nos países periféricos transformou-se na crise de toda a zona euro e demonstrou até que ponto as economias europeias estão viciadas no crédito e como a desconfiança dos mercados quanto ao pagamento da dívida está a contagiá-las a todas. Há dez anos, os parceiros europeus entravam em euforia com o lançamento da moeda comum e os mercados reagiam como se isso fosse suficiente para trazer também a convergência orçamental e fiscal típicas de uma entidade federal. O resultado foi a baixa histórica das taxas de juro para países com acesso limitado ao crédito, ao mesmo tempo que os critérios apertados para a adesão ao euro foram sendo descurados com o tempo, em alguns países, ou mesmo forjados, noutros, com o objetivo de garantir a adesão imediata a esse clube restrito.A indisciplina orçamental em alguns países da zona euro, tomemos o exemplo de Portugal e Espanha, tem causas muito diversas e não é justo culpar apenas os socialistas neste momento de crise terminal. É certo que os socialistas estiveram no poder em momentos críticos e durante uma parte importante do avolumar da crise atual, mas o problema é claramente estrutural e ultrapassa a conjuntura. Apesar da diferença de dimensão – a Espanha é a quinta economia da Europa e a décima segunda do mundo – Portugal e a Espanha partilham algumas caraterísticas estruturais que tornaram possível esta crise e que tornariam inevitável o contágio, a começar pelo elevado grau de integração das suas economias. A chegada da democracia em meados da década de 1970 trouxe a abertura do mercado e o investimento maciço do estado nas infra-estruturas com o objetivo de proceder a uma europeização rápida. A integração nas comunidades europeias (1986) trouxe os fundos estruturais que aceleraram o processo e permitiram uma convergência real com o nível de vida médio na Europa do Norte, além de permitirem reforçar o estado social, mas que também puseram à disposição do estado recursos impensáveis até então e que este utilizou para fidelizar clientelas e engordar os privilégios dos altos funcionários do estado.Como se torna evidente no momento atual, a negociação para a adesão de 1986 foi mais trágica para Portugal do que para Espanha, mas reflete prioridades a nível europeu que passaram pela diminuição e endividamento das economias periféricas e que se demonstram agora catastróficas. As transferências de rendimento em nome da solidariedade e convergência tiveram como moeda de troca, em Portugal por exemplo, o desmantelamento da economia – o afundamento real da agricultura e pescas e a evaporação da presença do estado no setor produtivo – e a concentração estratégica dos fluxos comerciais com os parceiros europeus. Ao abrigo da convicção liberal de que mais integração económica traria mais prosperidade e paz – independentemente de quais as regras que governariam essa integração – os países periféricos foram levados a dispensar os instrumentos clássicos para a promoção do crescimento e da competitividade, incentivados a abrir as fronteiras aos fluxos financeiros e ao investimento e, finalmente, lançados no jogo perigoso do endividamento público e privado, ao mesmo tempo que países excedentários como a Alemanha praticavam políticas orçamentais demasiado restritivas. Em termos gerais, os países que hoje são vistos como indisciplinados do ponto de vista orçamental tomaram opções discutíveis, não há dúvida, mas também é verdade que jogaram o jogo europeu de acordo com regras e estímulos provenientes de Bruxelas e de Berlim. E alimentaram, com essa indisciplina, o mercado para os produtores alemães. A crise da dívida não tem posto em causa apenas o modelo de solidariedade política em que assenta a União Europeia, cada vez que as opiniões públicas nacionais ameaçam bloquear a tomada de decisões para aplacar a crise; ela tem posto em dúvida a o caráter benigno do próprio modelo de integração e a sua contabilidade do deve e do haver para alguns países periféricos. Por fim, tantas são as dúvidas sobre o caráter benigno da europeização que parece indesmentível estar em marcha o processo que alguns já chama de descomunitarização, isto é, o processo através do qual a integração regride em algumas áreas e pode mesmo pôr em causa todo o modelo de integração. Seria uma espécie de spill-over de sentido contrário ao que os funcionalistas teorizaram nas décadas de 1950 e 1960, e em que a fragmentação da união monetária poderá acabar por estender-se a outras áreas da integração europeia. É o que se passa com as contínuas ameaças de expulsão da Grécia da zona euro, que poderia estender-se a outros países e que destapou, nas últimas semanas, os rumores de um plano franco-germânico para a criação de duas zonas monetárias distintas na Europa, uma a Norte e outra a Sul. A reacção contra o suposto plano por parte das instituições europeias e seus dirigentes foi violenta, do presidente da Comissão Durão Barroso ao presidente da zona euro Juncker, mas ganha adeptos no Norte da Europa uma qualquer reação restritiva como forma de conter o contágio que vem do Sul. A ausência de estratégia europeia para conter a crise da dívida deixou espaço para reações pontuais e descoordenadas dos diferentes parceiros, sempre mais preocupados em demonstrar aos mercados que o caso grego, e depois o irlandês e depois o português eram casos específicos sem qualquer paralelo com os seus países. Quando os mercados se lançaram sobre a Itália e a Espanha, não restaram mais dúvidas sobre o caráter europeu da crise, a insuficiência das respostas ensaiadas anteriormente e a solidez da solidariedade no continente. Os altos défices públicos da Itália e da Espanha só vêm demonstrar que também nas principais economias europeias o crescimento está dependente do crédito, barato e acessível até há bem pouco, mas que as elevadas injeções de crédito não se têm, nos últimos anos, refletido em mais crescimento nem num novo modelo de crescimento assente na inovação e na sustentabilidade. Pelo contrário, e a queda do crescimento na Europa nos últimos anos vem demonstrar que o modelo de produção de bem-estar é verdadeiramente o problema essencial no continente. O processo é o da perda contínua de competitividade das economias europeias, umas mais que outras, e a sua incapacidade para suster o modelo do estado de bem-estar criado após a segunda guerra mundial. Sem produção adicional de riqueza, o modelo europeu corre o risco de se esgotar e, com ele, o essencial da integração europeia. Está longe de ficar claro qual o modelo económico para a Europa que possa relançar o crescimento e tornar sustentável o bem-estar alcançado nas últimas décadas. A estratégia de Lisboa para tornar a economia europeia a mais competitiva do mundo até 2010 falhou, mas a única certeza é que só com mais integração se pode alcançar esse objetivo num futuro próximo. O que aliás está relacionado com as falhas da integração monetária. Também neste aspeto, só com mais governação económica – com mais poderes da Comissão de Bruxelas em matérias até agora de competência exclusiva dos governos nacionais - isso poderá acontecer. Não deixa de ser paradoxal que o modelo de intervenção e resgate para a Grécia, Irlanda e Portugal se tenha baseado em políticas orçamentais muito duras para cortar, no imediato, as despesas do estado e as dívidas de empresas públicas, estado central, autarquias e autonomias. O resgate português, negociado com a troika constituída por FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu foi acompanhado pela eleição de um novo executivo, de direita, cujo programa de governo assenta na aplicação do programa da troika. É um programa duro, que alguns caraterizaram como típico de tempos de guerra, e que inclui aumento brutal de impostos diretos e indiretos – que se soma aos aumentos constantes dos últimos anos – corte dramático nos salários e pensões, suspensão, para 2011 e 2012, do pagamento dos dois salários extraordinários, subida acentuada dos preços dos serviços públicos – transportes, saúde, educação – e racionalização dos mesmos recursos. A armadilha do programa da troika reside, como todos admitem e as projeções económicas para 2012 confirmam, em que estas políticas restritivas vão produzir mais recessão económica, prevendo-se um crescimento negativo para o próximo ano de 3% (mas um ligeiro crescimento positivo já para 2013). Contudo, o verdadeiro drama está em que a diminuição do défice orçamental e da dívida ficam dependentes, não só do clima económico na Europa mas também do grau da recessão provocada por estas medidas. Quanto mais austeridade mais recessão, e quanto mais recessão mais défice, menos capacidade de pagar a dívida, desemprego galopante, mais dúvidas e especulação dos mercados, mais juros sobre a emissão de dívida e mais dificuldade em regressar ao mercado para financiar a economia. A armadilha da dívida, e do programa da troika para a debelar, ameaça diretamente o que resta da soberania de alguns países europeus, a paz social e a democracia, assim como promete agravar os desequilíbrios sociais. No caso de Portugal, o orçamento para 2012, recentemente aprovado na generalidade e por estes dias em discussão na especialidade, é o mais duro e austero desde a implantação da democracia em Abril de 1974. Para um orçamento total de 79.557 milhões de euros, as receitas previstas são de 72.000 milhões. O que representa um défice de 7.557 milhões, ou seja, um défice de 6,7% do PIB que o estado financia através do Fundo de Estabilidade Financeira (FEEF) da União Europeia e do FMI. Do lado da receita, e em conjuntura recessiva e desemprego previsto de 13,4%, as contribuições sociais descem 5%, os impostos correntes sobre rendimento e património descem 1,7% enquanto os impostos sobre produção e importação sobem 4,1%. Para corresponder às exigências da troika, o grande ajustamento será feito do lado da despesa e do funcionamento do estado. A Saúde contará com menos 7,1%, os Negócios Estrangeiros com menos 9,4%, a Justiça com menos 8,4% e a despesa em educação baixará dos 5 para os 3,8% do PIB. Para o ministro das finanças Vítor Gaspar esta é a hora da verdade e 2012 marcará mesmo o momento em que as famílias sentirão, de forma dura, a inevitabilidade do empobrecimento. No total, as medidas de consolidação orçamental alcançarão, só em 2012, os 10.350 milhões de euros. Deste valor, 6.259 milhões representam medidas que ou retiram rendimentos às famílias ou aumentam os impostos que elas têm que pagar, o que totaliza, num só ano, 5% do rendimento disponível e se vem somar aos cortes já efetuados nos últimos dois anos para combater a crise. Em sede de IRS, por exemplo, e aos agravamentos sucessivos dos últimos anos, acrescem limites às deduções fiscais para todos os escalões menos os dois mais baixos, taxa adicional de 2,5% para o escalão mais alto, subida da taxa sobre mais-valias de 20% para 21,5%, além de uma taxa de 30% sobre transferências para paraísos fiscais. Daquele valor, 3.255 milhões correspondem a uma poupança conseguida através da contenção do estado, em grande parte por um corte das transferências para as autarquias e empresas públicas. O contributo das empresas privadas será através do agravamento dos impostos no valor de 655 milhões de euros. Quanto ao sistema bancário, mantém-se o valor em vigor de 25% de IRC e a taxa especial de 0,05% sobre o passivo dos bancos. E o esforço não ficará por aqui. Se para 2012 as políticas de austeridade pretendem colocar o défice nos 6,7% do PIB, a meta para 2013 é de 4,5% do PIB, o que agravará a tendência para o empobrecimento e para a limitação do consumo privado. Segundo as estimativas, e no que toca especificamente aos funcionários públicos, a perda acumulada de poder de compra será, entre 1997 e 2012, superior a 29%. Só em 2012 essa perda será de 17%.O agravar da crise nas últimas semanas desatou os alarmes relativamente a este encadeamento de problemas que afeta cada vez mais países europeus. O fim patético do governo Papandreu na Grécia foi desencadeado pela ideia mirabolante de convocar um referendo que confirmasse o segundo plano de resgate e as duras políticas de austeridade, na tentativa de aplacar a rebelião popular. A estratégia de Papandreu andou ainda misturada com rumores de golpe de estado militar e finalmente conduziu à sua demissão, à eliminação do referendo mirabolante e à constituição de um governo técnico encabeçado por Lucas Papadimos, um antigo vice-presidente do Banco Central Europeu. A crise condenou também o governo italiano, quando as taxas de juro da dívida se aproximavam perigosamente dos 7% - que acabariam por ultrapassar, já com novo governo - o limiar geralmente aceite para pedir resgate financeiro e impedir a bancarrota. Mais uma vez, um governo democraticamente eleito foi substituído por um governo técnico, não eleito – ainda que por um tempo limitado – até à realização de novas eleições. No caso italiano, o novo governo é encabeçado por Mario Monti – antigo membro da Comissão Europeia – mas o mandato é o mesmo, acalmar os mercados com um governo técnico, desligado da política, capaz de pôr em prática medidas de austeridade duríssimas sem ceder à violência de rua que tamanhas políticas provocarão tanto na Itália como na Grécia. No preciso momento em que escrevo estas linhas, acaba de cair outro governo por efeito da crise da dívida, o governo socialista de Zapatero nas eleições gerais deste domingo. Apesar dos esforços dos socialistas, os mercados não deram tréguas e os juros da dívida também se aproximaram nos últimos dias do patamar dos 7%. Mariano Rajoy, o novo presidente do governo espanhol, anunciou em campanha que cortará em tudo menos nas pensões de reforma. Seja como for, tanto em Espanha como em Portugal o processo democrático tem-se desenrolado com normalidade, sendo que os novos governos de direita contam com maiorias confortáveis no Parlamento e com o apoio – ou a resignação – das opiniões públicas. Ainda assim, são muitas as vozes que chamam a atenção para que estão criadas as condições empíricas para que se repita o fenómeno da subida ao poder de forças extremistas em vários países europeus, através de eleições ou manobras extra constitucionais.Quando a crise da dívida chega à Espanha e à Itália ela torna-se verdadeiramente europeia e as instituições inquietam-se. Pela primeira vez, é real a ameaça do colapso de todo o edifício e são cada vez mais as vozes que clamam por um Banco Central Europeu que assuma funções típicas de todo o banco central numa federação, como é o caso da Reserva Federal norte-americana. As famosas Eurobonds estão agora no centro da discussão, assim como a aplicação de taxas às transações financeiras, remédios que prometem agravar as tensões entre os parceiros europeus e protelar a tomada de decisões significativas para aplacar a crise. A Alemanha resiste à criação das Eurobonds, enquanto o Reino Unido se manifesta contra a taxa sobre transações financeiras que penalizaria a City londrina. Em última análise, a questão já chegou às negociações do G20, onde os europeus ansiavam pela ajuda para o reforço do FEEF. O compromisso não foi alcançado e Christine Lagarde do FMI já alertou para uma década perdida para o crescimento da economia mundial. Esta poderá bem ser a realidade dos próximos 10 anos um pouco por todo o mundo.*Doctor en Relaciones Internacionales. Profesor de Relaciones Internacionales de la Universidad Técnica de Lisboa (UTL)
This article aims to study and analyze the set of programs that make up the landscape of Spanish prison environment. Here we will prioritize and classify programs that, with emphasis socio-educational and socio-labor,may have a greater impact on social integration or reintegration work, in contrast to the perception ofwomenwho participate in these programs. From a multi-method research methodology (538 questionnaires and 61 in-depth interviews of women prisoners throughout the country), this article discusses the categories and data used for intervention in prisons state of art,with powerful reflections for the specialized field of SocialEducation Penitentiary (ESP).The conclusions drawn in this area are based on some small successes of the prison systemas access and proliferation of software, or the presence of certain gender and socio-cultural programs. However, there remainmajor challengeswithin the recovering constitutional purposes awarded to custodial sentences, within our democratic framework. The results show a role for recreational programs with leisure and recreational focus, to the detriment of socio-educational programs focus on emancipation and freedom. Similarly, there is an overwhelming failure of the itineraries that allowsocial and labormarket participation in active employment in the period of release (perpetuating also traditional gender roles). This reality, therefore, shows that the Correctional Institution continues to exert multiple violence and exclusion toward people punished, that undermine the dignity and potential re-education and rehabilitation. ; Este artículo pretende estudiar y analizar el conjunto de programas que conforman el panorama del ámbito penitenciario español. Aquí vamos a priorizar y clasificar los programas, que con énfasis socioeducativo y socio-laboral, pueden tener un mayor impacto en la inserción o reinserción socio-laboral, contrastando con la percepción de las mujeres que participan en dichos programas. A partir de una metodología multimétodo de investigación (538 cuestionarios y 61 entrevistas en profundidad a las mujeres reclusas de todo el territorio nacional), se analizan en este artículo aquellas categorías y datos que plantean el estado de la cuestión de la intervención en prisiones, con potentes reflexiones para el campo especializado de la Educación Social Penitenciaria (ESP).Las conclusiones extraídas en este ámbito, se asientan sobre algunos pequeños logros del sistema penitenciario como el acceso y proliferación de los programas informáticos, de ocio o la presencia de ciertos programas de género o socioculturales. Sin embargo, quedan pendientes grandes retos dentro de los fines constitucionales recuperadores otorgados a las penas privativas de libertad, dentro de nuestro marco democrático. Los resultados extraídos presentan un protagonismo de los programas recreativos con enfoque lúdico-recreativo, en detrimento de los socioeducativos con perspectiva emancipadora y liberadora. Igualmente, existe una abrumadora insuficiencia de los programas e itinerarios socio-laborales que permitan la participación en el mercado activo de empleo en el período de semilibertad (perpetuando, además, roles tradicionales de género). Esta realidad, por tanto, continúa ejerciendo múltiples violencias excluyentes por la Institución Penitenciaria hacia las personas penadas, que merman la dignidad y las posibilidades reeducativas y de reinserción. ; Este artigo temcomo objetivo estudar e analisar o conjunto de programas que compõem a imagem do âmbito prisional espanhol. Aqui nós estamos indo de prioriza e classificar os programas, coma ênfase que educacionais e sócio- trabalhista, podem ter um impacto importante na inserção ou disso sócio-laboral, contrastando com a percepção das mulheres que participam em tais programas. Sobre a base de um método multi-método de investigação (538 questionários e 61 entrevistas em profundidade com os presos de mulheres de todo o território nacional;bemcomo), sãodiscutidos neste artigo essas categorias e os dados que representam o estado da questão da intervenção nas prisões, com reflexos poderosos para o campo especializado da Educação Social Prisão (ESP).As conclusões a que se chegou nesta área, são registradas emalgumas conquistas pequenas do sistema prisional como o acesso e proliferação do software, ou a presença de certos programas ou gênero cultural.No entanto, existemainda grandes desafios nos salvors constitucionais de fins concedidos penas privativas de liberdade, no nosso quadro democrático. Os resultados apresentaram extraídos de programas recreativos protagonismo com abordagem agradável- actividades recreativas, em detrimento da perspectiva com educação emancipatória e libertadora. Além disso, existe também uma terrível escassez de programas e itinerários profissionais que permitema participação de ummercado activo para o emprego para o período de liberdade condicional (se perpetuar, para além disso, os papéis tradicionais de gênero).Esta realidade, portanto, continua a exercer violência múltipla excludentes da instituição prisional para pessoas punidas queminama dignidade e o potencial de reabilitação e reintegração. ; 本文旨在研究和分析西班牙的监狱环境。在这里,我们将优先考虑和分类方案,强调社会经济和社会劳动,在融入社会或重返社会工作,妇女参加这些课程的人的感知。通过多方法的研究方法(538份问卷和61个女囚犯在全国各地的深入访谈),本文所讨论的类别和数据,旨在提高监狱的状态干预的问题,加强 ESP专业领域的功能。 在这方面得出的结论是基于对一些监狱系统软件的小成就,娱乐性或文化节目的访问。但是在宪法的指导下我们的民主框架内授予监禁依然存在着重大的挑战。提取的结果表明,娱乐休闲和娱乐节目不利于社会的解放和解放角度的作用。同样存在让社会和劳动力市场的参与积极就业期间半自由(也延续传统的性别角色)。因为这样的现实,继续施加极端暴力的惩教,有损尊严和潜力的再教育和康复。 中文翻译:周利 ( Chinese version translated by Zhou Li)
Este libro reúne un conjunto de estudios que fueron presentados y discutidos en el III Encuentro hispano-luso de historiadores del Derecho. Tratan temas centrales de la historia del derecho y de las instituciones en la época moderna y contemporánea, con especial énfasis en los territorios peninsulares y también en los territorios que compusieron, en distintas épocas, los imperios español y portugués. En su conjunto, contribuyen a ampliar y profundizar el conocimiento histórico de aspectos relacionados con la justicia y la administración de los territorios, el funcionamiento de las instituciones (tribunales, universidades, Cortes) y la discusión de conceptos jurídicos centrales para el conocimiento de la doctrina jurídico-política producida en distintos momentos de un vasto período cronológico. ; Neste livro reúne-se um conjunto de estudos que foram apresentados e discutidos no III Encontro hispano-luso de historiadores do Direito. Neles são abordados temas centrais da história do direito e das instituições na época moderna e contemporânea, com especial incidência nos territórios peninsulares e também nos territórios que integraram, em momentos diversos, os impérios espanhol e português. No seu conjunto, contribuem para o alargamento e o aprofundamento do conhecimento histórico de aspectos ligados à justiça e à administração dos territórios, ao funcionamento das instituições (tribunais, universidades, Cortes) e à discussão de conceitos jurídicos centrais para o conhecimento da doutrina jurídico-política produzida em momentos diferentes de um vasto período cronológico. ; This book brings together a set of studies that were presented and discussed at the III Spanish-Portuguese Meeting of Law Historians. They deal with central themes of the History of Law and Institutions in Modern and Contemporary eras, with special emphasis on the peninsular territories and also on the territories that made up, at different times, the Spanish and Portuguese empires. As a whole, they contribute to broaden and deepen the historical knowledge of aspects related to justice and the administration of the territories, the functioning of institutions (courts, universities, courts) and the discussion of legal concepts central to the knowledge of the legal-political doctrine produced at different times of a vast chronological period. ; Apresentação. Em memória do professor António Manuel Hespanha / Cristina Nogueira da Silva, Margarida Seixas (pp. 11-16). -- L'illuminismo giuridico: strategia di dominio o progetto di emancipazione? / Pietro Costa (pp. 17-30). -- El gobernador general de Cataluña Requesens fiscalizado por seis inquisidores políticos (1421) / Daniel Álvarez-Gómez (pp. 31-56). -- Causas de remoción de la carga de expósitos en Galicia a través de los pleitos del Hospital Real de Santiago: siglo XVIII / Bouzada Gil (pp.57-82). -- Corte, administración y territorio en la edad moderna: propuesta de análisis en el ámbito ibérico / Ignacio Ezquerra (pp. 83-132). -- Dominium na doutrina de Francisco de Vitória: reflexões para a historiografia de um discurso jurídico moderno / Ana Caldeira Fouto (pp. 133-160). -- Régimen jurídico del examen de abogado ante el Real Acuerdo de la Chancillería de Valladolid (1495-1834) / Víctor Gautier Fernández (pp. 161-188). -- O pretenso tribunal de Resgate de cativos (o Regimento de 20 de Março de 1461) / Isabel Graes (pp. 189-214. -- Entre tribunales, ministros y procedimientos. La historiografía jurídica y social sobre las Audiencias reales en el Antiguo Régimen / Francisco Miguel Martín Blázquez (pp. 215-238). -- Do trabalho livre nos textos da Segunda Escolástica Peninsular: manuscritos portugueses no final do século XVI / Margarida Seixas (pp. 239-264). -- Domingo de Soto y la defensa del ius migrandi e ius communicationis en la controversia de la reforma de asistencia social del siglo XVI / Sandro Alex Souza Simões (pp. 265-286). -- Da ordem do juízo de 1526 à nova ordem do juízo de 1577: notas sobre reformas processuais no Portugal quinhentista / Jorge Veiga Testos (pp. 287-322). -- La II República y el Estatuto Orgánico de los territorios españoles del Golfo de Guinea / Jose Luis Bibang Ondo Eyang (pp. 323-352). -- A estranha alquimia da Cláusula Martens de 1864 até à I Conferência de Paz da Haia de 1899 / Anabela Paula Brízido (pp. 353-390). -- A influência internacional na elaboração das leis de caça em Moçambique colonial / Marcos Dias Coelho (pp. 391-410). -- El final de los pretendientes a oficios: perfil jurídico de una figura para la provisión de empleos en su última etapa (ca. 1805-1852) / Francisco Javier Díaz Majano (pp. 411-440). -- Constitución, Código y Sociedad Anónima (1812-1848) / Jesús Jimeno-Borrero (pp. 441-462). -- A reforma de Gonçalves Ferreira: o Estado Novo e os primórdios de um Sistema Nacional de Saúde em Portugal / Filipe de Arede Nunes (pp. 463-490). -- Incongruências do foro militar. O processo de Francisco Maximiliano de Sousa (1822-1823) / João Andrade Nunes (pp. 491-516). -- La reforma de la universidad en el siglo XX. 100 años del Plan Silió: el proyecto de autonomía de la Universidad de Granada / Marina Rojo Gallego-Burín (pp. 517-546). -- Teor e propósito da história do direito civil português Contemporâneo / Jorge Silva Santos (pp. 547-576). -- The diminished administration (about the Spanish government in the Philippines during the second half of the 19th century) / María Julia Solla Sastre (pp. 577-584). -- Três formatos jurídicos e relações coloniais conflituosas no norte de Moçambique (1894 - 1940) / Fernanda do Nascimento Thomaz (pp. 585-614). -- A fluidez do liberalismo oitocentista: uma análise do debate sobre eleições diretas ou indiretas nas Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa (1821-1822) e na Primeira Assembleia Nacional Constituinte do Brasil (1823) / Maíra Tito (pp. 615-648)
As sociedades europeias encontram-se num momento especialmente delicado de renegociação daquele contrato que forja sociedade e vida em comum, e que pensadores como Rousseau, Locke e Hobbes colocaram no centro da sua visão da política. A política na Europa é cada vez mais governação colectiva e convergência normativa – europeização, para utilizar um termo que se tornou de uso corrente –, mas a Europa está longe de controlar todos os elementos do sistema global em que lhe aconteceu dar estes passos decisivos para a integração política. As tendências demográficas e o movimento global de pessoas, por exemplo, são desafios para os quais a Europa tem clara dificuldade em encontrar respostas adequadas aos seus próprios interesses, além de moralmente justificáveis e consentâneas com a influência que ambiciona exercer no mundo. E no entanto, a queda do muro de Berlim, em 1989, foi celebrada como o grande reencontro dos europeus, e destes com o mundo, com a promessa de inaugurar uma nova era de relacionamentos globais mais equitativos e solidários e, sobretudo, portadores e produtores de segurança humana. O espírito de abertura e unificação de 1989 já vai longe, e as sociedades europeias têm demonstrado fortes resistências a assumir o legado desse momento fundador e a retirar dele as consequências que se imporiam. Sejamos claros, a celebração é um momento catártico, de aceitação do outro, passageiro, e os muros que se derrubam dificilmente deixarão de ser substituídos por outros muros e as pontes que entretanto vão sendo lançadas dificilmente resistem ao regresso cíclico e oportunista da política identitária. Como a simbólica stari most de Mostar, na Bósnia. Condicionadas e afligidas pelo regresso em força da doutrina da segurança nacional, após 11 de Setembro de 2001, e pela clara estagnação económica dos últimos anos, as sociedades europeias vão cedendo à tentação de encontrar no outro as razões para o seu relativo declínio e insegurança, sentimento de que se aproveitam políticos mais ou menos populistas. Os recorrentes problemas com cidadãos extra-comunitários nos aeroportos um pouco por toda a Europa é bem o sinal desse sindroma de assédio que se vai estendendo e começa a ter expressão legislativa. E no entanto, o estigma da emigração começa a atingir também cidadãos e grupos de países de dentro da própria União Europeia, numa atitude que muitos consideram tributária do racismo e da xenofobia. Meados do mês de Maio: a eurodeputada Viktoria Mohacsi desloca-se a Roma e a Nápoles para visitar os acampamentos de ciganos, muitos de origem romena, atacados e obrigados a fugir. Mohacsi informou com carácter de urgência o Comité de Direitos Humanos do Parlamento Europeu. Na sua opinião, os factos que apurou são de extrema gravidade, decorrentes da criminalização colectiva dos ciganos. Os políticos são acusados de incitar ao ódio e a polícia de não cumprir a lei e de violar direitos humanos básicos quando procede a detenções e ao controlo indiscriminado dos acampamentos. O governo Berlusconi alega que o país vive uma emergência de medo e insegurança – motivada por alguns crimes muito mediatizados e perpetrados por cidadãos romenos nos subúrbios das grandes cidades. A resposta de Mohacsi é exemplar: num estado de direito, a segurança não se consegue perseguindo e criminalizando uma comunidade inteira. Numa entrevista ao diário espanhol El País, Mohacsi considera que o governo alimenta o ódio e que é inadmissível que muitos ciganos não tenham ainda conseguido a nacionalidade italiana, mesmo tendo nascido em Itália ou vivendo aí há quarenta anos. Na mesma entrevista, a eurodeputada considera-se assustada e horrorizada. O governo Berlusconi responde com um projecto de lei que criminaliza a imigração ilegal e promete colocar em centros de detenção milhões de estrangeiros com ordem de expulsão. As dificuldades óbvias de pôr a lei em prática e a multiplicação das vozes críticas, dentro e fora de Itália, faz titubear o governo. Berlusconi parece demarcar-se pessoalmente do projecto mas os aliados da Lega Nord mostram-se inflexíveis. Roberto Maroni, o ministro do interior, nega qualquer recuo e considera que a criminalização da imigração ilegal é o instrumento mais eficaz para proceder à expulsão rápida de indivíduos indesejáveis, com ou sem detenção. Entretanto, sem publicidade e sem notas de imprensa, utilizando antes a via doDiário Oficial do Estado, Sílvio Berlusconi acaba de conceder poderes extraordinários aos delegados do governo em Roma, Milão e Nápoles no sentido de "utilizarem todas as medidas úteis e necessárias para a superação da emergência colocada pelos ciganos". Os graves ataques e as repetidas declarações discriminatórias de membros do governo Berlusconi contra a comunidade cigana mereceram o repúdio do Vaticano e do próprio presidente da República italiana. Giorgio Napolitano denunciou os casos de intolerância verificados recentemente e pediu a todos os cidadãos e instituições que sejam firmes na luta contra "qualquer risco de retrocesso civil" no país. As palavras utilizadas por Napolitano dificilmente poderiam ser mais eloquentes. A influente Louise Arbour, Comissária da ONU para os Direitos Humanos criticou duramente as políticas repressivas do governo italiano e a vice-presidente do governo espanhol, María Teresa Fernández de la Veja, provocou mesmo uma mini crise diplomática ao considerar o governo Berlusconi como xenófobo e racista. O tom da polémica baixou consideravelmente mas o mal-estar e o desconforto permanecem. Contudo, as reticências existem no seio do próprio governo Berlusconi. Mara Carfagna, a ministra da igualdade de oportunidades, pôs o dedo na ferida ao lembrar que a política repressiva da imigração pode conduzir a um "drama socioassistencial" em Itália, onde centenas de milhares de famílias dependem dos imigrantes para tarefas cruciais do dia-a-dia. As associações de imigrantes e consumidores estimam que o número de empregados domésticos estrangeiros chegue a 1,7 milhões, dos quais apenas 745 mil estão registados no ministério das finanças, sobretudo peruanas, equatorianas e filipinas, mas também romenas. Os restantes nem sequer dispõem de autorização de residência. Da esquerda, o partido Italia dei Valori usou o sarcasmo para lembrar a Maroni que entre imigrantes ilegais e empregadores que se aproveitam do facto e o alimentam, um destes dias poderia ver-se a braços com 3 milhões de pessoas na prisão. Para evitar a simplista dicotomia entre direita e esquerda, vale a pena referir aqui o relatório da Amnistia Internacional que assinala o próprio Walter Veltroni, o chefe da esquerda, como um dos primeiros políticos italianos a utilizar os sentimentos xenófobos contra aos romenos que vivem em Itália. Por outro lado, da direita começam a surgir declarações anti-racistas, como as do edil de Roma Gianni Alemanno quem, num primeiro momento, chegou a invectivar contra os média estrangeiros que denunciaram os ataques à comunidade cigana. Mas o ambiente restritivo e hostil face à imigração não é exclusivo de Itália. A França, a Bélgica, a Dinamarca, a Holanda, a Suíça, a República Checa, o Reino Unido, todos estes países assistiram nos últimos anos à emergência de um discurso conservador e securitário que encontra na imigração o bode expiatório ideal. De acordo com Robert Marquand do The Christian Science Monitor, as vozes extremistas e nacionalistas antes monopolizadas por Jean-Marie Le Pen em França fazem hoje parte do discurso utilizado pelo centro político e a imigração é vista como uma crise, tanto pela direita como pela esquerda. Mesmo em Espanha, o discurso parece ter mudado sensivelmente desde a campanha para as eleições legislativas de Março último, em que o conflito que opôs Zapatero a Rajoy foi muitas vezes descrito como o conflito entre a tolerância e a intolerância. Não foi preciso o novo ministro do trabalho e imigração tomar posse para se perceber que o discurso oficial tinha endurecido. Reconhecendo as inquietações sobre o tema que fizeram deslocar parte do eleitorado para o Partido Popular, Celestino Corbacho passou a falar insistentemente da necessidade de governar com firmeza o fenómeno da imigração, reforçando a sua vinculação com as necessidades do mercado laboral. Em França, Nicolas Sarkozy chegou à presidência com um discurso duro e intransigente neste tema. Além do mais, são especialmente polémicos o recurso a testes de ADN para imigrantes que requerem a reunião da família em solo francês e o novíssimo pacto de imigração que muitos, em Espanha por exemplo, vêem como assimilação forçada e com alternativas nas leis já existentes. Tomando o relevo da presidência da União Europeia a partir de 1 de Julho próximo, o governo francês já elegeu como objectivo principal a adopção de um pacto europeu para a imigração, o chamado plano Sarkozy que há meses anda a ser negociado com alguns dos parceiros europeus, designadamente com Rodríguez Zapatero. O plano centra-se num endurecimento da política de imigração a nível europeu para limitar a entrada de imigrantes e assenta em cinco pilares: o controlo das fronteiras externas por parte de uma polícia europeia especial, a selecção dos imigrantes, a agilização das expulsões, a adopção de uma política comum de asilo e o fortalecimento da ajuda ao desenvolvimento dos países de origem dos imigrantes. Para além disto, o plano exorta os estados da UE a renunciar às regularizações maciças porque produzem efeito de chamada e interferem nas opções tomadas pelos estados vizinhos. Sendo um espaço de livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais onde desapareceram as fronteiras internas, a União Europeia carece todavia de uma política de imigração, pelo que neste tema vigoram direitos nacionais muito diferentes uns dos outros. A necessidade de harmonização é destacada por muitos, tendo até agora sido aprovadas apenas quatro directivas: sobre o reagrupamento familiar, em Setembro de 2003; sobre o estatuto de residentes de longa duração, em Novembro de 2003; sobre as condições de admissão de estudantes, em Dezembro de 2004 e sobre a admissão de investigadores, em Outubro de 2005. Nos últimos meses têm-se sucedido as negociações para a aprovação de uma directiva relativa à expulsão de imigrantes ilegais, isto é sem-papéis, que aproxime os procedimentos díspares em vigor nos 27 países-membros. Finalmente, no passado dia 5 de Junho os 27 ministros do interior da UE aprovaram a directiva que estabelece garantias judiciais aos imigrantes no tratamento do seu processo e prazos máximos de internamento em centro de detenção. Caso seja aprovada pelo Parlamento Europeu, a norma virá a aplicar-se a cidadãos não pertencentes à UE e sem autorização de residência, ficando de fora os processos de petição de asilo. A directiva de retorno – a que alguns já baptizaram de directiva da vergonha – prevê o estabelecimento de um prazo máximo de detenção de imigrantes ilegais de 6 meses – que pode ir até aos 18 meses em casos específicos – onde até agora os procedimentos eram muito desencontrados. Em Portugal e Espanha, o prazo máximo é de 60 dias, após o qual o imigrante tem de ser libertado; na Alemanha é de 18 meses, enquanto na Lituânia é de 20 meses. No Reino Unido, Dinamarca, Estónia, Finlândia, Grécia, Irlanda, Malta, Holanda e Suécia a detenção de imigrantes ilegais é ilimitada, pelo que o prazo estabelecido resultou necessariamente de um compromisso e representa um máximo – onde antes não o havia –, não um prazo obrigatório. Para além deste ponto, a directiva estabelece um período de 7 a 30 dias para que os imigrantes abandonem o país de forma voluntária, a proibição de regresso por um período máximo de 5 anos – de que estão excluídas as vítimas de tráfico de pessoas, a garantia de assistência jurídica nas mesmas condições que se oferecem aos requerentes de asilo, e a garantia dos interesses dos menores sem família que devam ser repatriados. O texto agora aprovado pelo Conselho de Ministros da UE representa um endurecimento face ao projecto apresentado pela Comissão Europeia em Setembro de 2005, e gera fortes críticas de alguns grupos políticos com representação no Parlamento Europeu. A favor do compromisso estão os eurocépticos e os populares europeus, mas também os socialistas que se encontram no poder actualmente – na Espanha, Portugal, Reino Unido e Alemanha. As principais reservas políticas foram expressas pelos socialistas que não são poder nos seus países – italianos, belgas e franceses –, pela restante esquerda e pelos verdes que consideram a medida demasiado repressiva, mas também no seio dos liberais democratas. Fortemente críticas são as igrejas cristãs europeias. Os bispos católicos reunidos na comissão das conferências episcopais dos países da UE (Comece) disseram-se muito preocupados e pediram ao Parlamento Europeu que se limite o uso da detenção administrativa. Para os bispos europeus, o compromisso emergente em matéria de imigração não toma suficientemente em consideração a condição humana do imigrante. *Doctor en Relaciones Internacionales. Profesor del Instituto de Ciencias Sociales y Políticas, Universidad Técnica de Lisboa. Profesor Invitado del Instituto de Estudios Políticos, Universidad Católica Portuguesa.
The penitentiary drug dependence treatment for women has been traditionally generic (applied for most masculine penitentiary) and with few differentiating empiric studies in an spanish level.Based on a regulatory framework, this research focuses on the study of the main elements of risk and protection implied in the relation between the drug dependant female prisoners and the treatment programs, as well as the recovery processes, in order to propose specific actions.The research has a multimethod approach, inserted within the Project I+D+I named "Mujeres reclusas drogodependientes y su reinserción social. Estudio socioeducativo y propuestas de acción" [EDU2009-13408], with a national sample of second and third degree (Central Government and Community of Catalonia), corresponding to an estimate of 15% of the female prisoners nationally. 538 valid questionnaires, 61 semi-structured interviews has been obtained, in which informatic analytical methods, specific programs for quantitative data (SPSS, V. 15 y 20), and analytical content methods for qualitative data has been applied. The analysis has been developed before and after the internment, including four profiles of female prisioners (AA: Active addicted (8'20%), EX: ex addicted (EX: 67'21%), NA: non addicted (NA: 14.75%) and PMM (9.84%) addicted within methadone maintenance programs ).Among the main results found, it is relevant to mention the elements of risk related to the absence of participation of ex addicted women in relapse prevention programs. In fact, this is a relevant issue since 70% of the women are ex addicted. There is a large number of women not receiving any treatment in prision and not participating in any program due to lack of information, mistrust and overlap with other activities. Aditionally, theres is a perception of gender discrimination towards the access and permanece of women in the programs, compared with men. Also, within the main elements of protection, it has been found that most women access a program motivated by family pressure, and in some cases situations such as motherhood and certain personal health issues were determinant factors for a women to access a program.Finally, a model PROSO –MD (Socio-educational Program for Drug Dependant Women) according to use pattern is proposed to be implemented in a penitentiary field, adapted to the characteristics and realities of the women implied and developing specific a proposal for ex addicted women. ; El tratamiento penitenciario de drogodependencias para mujeres ha sido tradicionalmente genérico (el aplicado para la mayoría masculina penitenciaria) y con pocos estudios diferenciales empíricos a nivel español. Esta investigación plantea a partir de los marcos normativos y la situación expresada por los organismos especializados, estudiar algunos de los factores de riesgo y de protección principales de las reclusas drogodependientes en relación a los programas de tratamiento y los procesos de recuperación a fin de realizar propuestas de acción específicas. La investigación es multimétodo, insertada dentro del Proyecto I+D+I denominado "Mujeres reclusas drogodependientes y su reinserción social. Estudio socioeducativo y propuestas de acción" [EDU2009-13408], con una muestra nacional en segundo y tercer grado (Administración General del Estado y Comunidad de Cataluña), correspondiente aproximadamente al 15% de las mujeres reclusas en el panorama nacional. Se han obtenido 538 cuestionarios válidos, 61 entrevistas semi-estructuradas, a los cuales aplicaron, por un lado, métodos de análisis informáticos y programas específicos para los datos cuantitativos (SPSS, V. 15 y 20) y métodos de análisis de contenido para los datos cualitativos. El análisis se ha realizado antes y durante el internamiento, a partir de cuatro perfiles de mujeres reclusas (AA: adictas activas (8´20 %), EX: ex adictas (EX: 67´21%), NA: no adictas (NA: 14,75%) y PMM (9,84%): adictas en programas de mantenimiento de metadona). Entre los resultados principales encontramos como factores de riesgo destacados en relación al tratamiento que las mujeres ex adictas no participan, por lo general, en programas de prevención de recaídas. Esta realidad supone un importante problema puesto que casi un 70% de las mujeres son ex consumidoras. Existe un número de mujeres que no participan en los programas por desinformación, desconfianza y compatibilidad con otras actividades o existe una percepción de discriminación de género en el acceso y permanencia de las mujeres en los programas en relación a los hombres. En los factores principales de protección encontramos que la mayoría de las mujeres tienen las presiones familiares como una motivación para acceder a programas y que en algunos de los casos la situación de maternidad o ciertos factores personales, fueron definitivos para el acceso. Finalmente, se propone el modelo PROSO –MD (Programa Socioeducativo para mujeres drogodependientes) para que sea implementado en el ámbito penitenciario según perfiles de consumo a partir de la adecuación a las características y realidades de las mujeres, concretando a partir de una propuesta específica para mujeres ex adictas. ; Tratamento medicamentoso prisão para as mulheres é tradicionalmente genérico (aplicado para o macho prisão maioria) e alguns estudos empíricos diferenciais de nível de espanhol. Esta pesquisa surge a partir dos marcos regulatórios ea situação expressa pelas agências especializadas, para estudar alguns dos fatores de risco e proteção de grandes reclusos toxicodependentes em relação aos programas de processos de tratamento e recuperação, a fim de apresentar propostas ação específica. A pesquisa é multimethod, inserido no Projecto I + D intitulado " Mujeres reclusas drogodependientes y su reinserción social. Estudio socioeducativo y propuestas de acción "[EDU2009-13408], com uma amostra nacional em segundo e terceiro grau (Governo Geral e Comunidade da Catalunha), correspondendo a aproximadamente 15% das mulheres presas no cenário nacional. Obtivemos 538 questionários válidos, 61 entrevistas semi-estruturadas para a qual aplicada, em primeiro lugar, os métodos de análise de computador e programas específicos para os dados quantitativos (SPSS, V. 15, 20) e os métodos de análise de conteúdo dados qualitativos. A análise foi realizada antes e durante a internação de quatro perfis de mulheres presas (AA: Ativo viciado (8'20%), EX: ex viciado (EX: 67'21%), NA: não viciado (NA: 14,75%) e PMM (9,84%) viciados em programas de manutenção com metadona). Os principais resultados são fatores de risco como liderança em relação ao tratamento de mulheres ex viciados não são, em geral, em programas de prevenção de recaída. Este é realmente um grande problema, já que quase 70% das mulheres são ex-consumidores. Há um número de mulheres que participam dos programas devido à desinformação, desconfiança e compatibilidade com outras atividades ou se houver uma percepção de discriminação de gênero no acesso e retenção de mulheres nos programas em relação aos homens. Nas principais fatores de proteção descobriu que a maioria das mulheres tem a pressão da família como uma motivação para programas de acesso e, em alguns casos, o parto ou de certos fatores pessoais foram decisivos para o acesso. Finalmente, o modelo Proso -MD (Programa para mulheres Sócio-dependentes) é proposto para ser implementado em prisões como perfis de consumo de adaptar-se às características e realidades de mulheres, de especificação de uma proposta específica mulheres viciadas ex.
In Canada, translation has been conceptualized within multi-layered and interwoven historical and political processes of nation building. One strand of these processes is the country's language policy, known as "official bilingualism". This national construct is so entrenched that the Federal government has not perceived a need to pair Canada's language laws with any legislation on translation. Despite this void, or perhaps because of it, the professional translation market first emerged as a corollary of official bilingualism, and it remains inflected by its a priori, which have also driven the design of university translator training programs. In giving English and French preferred status over all other "minority" languages that once were (i.e. Indigenous languages) and/or might become (i.e. Ukrainian, Spanish, Chinese, Arabic, Urdu, etc.) vehicular languages in certain regions or cities, public policy, which includes content and funding of university programs, has also restricted translator training to "official languages". This paper presents some preliminary data from a project aimed at proposing models for "post-bilingual" language and translation policies. More precisely, it focuses on one of Canada's most linguistically heterogeneous spaces–Toronto–and its multilingual translation policy. Drawing on González Núñez' adaptation of Spolsky's language planning model, I argue in favour of a new set of language and translation policies that countenance disparate and, at times, contradictory linguistic realities across and within Canada's post-bilingual zones, foregrounding elements that might inform evidence-based policies. Also informed by language rights research (e.g. De Schutter), this paper also serves as a preliminary discussion of language and translation policies that might be the springboard for new models of translator training that would ensure equal access to translation services for speakers of minority languages. ; En Canadá, la conceptualización de la traducción ha estado imbricada en complejos procesos históricos y políticos de construcción de la nación. Una de las vertientes de estos procesos es la política lingüística, conocida en Canadá como el "bilingüismo oficial". Este modelo nacional se ha arraigado a tal punto que el gobierno federal canadiense no ha percibido la necesidad de acompañar las leyes lingüísticas del país con legislación relativa a la traducción. A pesar de este vacío, o quizás incluso a causa del mismo, el mercado de la traducción profesional surgió inicialmente como un corolario del bilingüismo oficial, y sigue estando bajo la influencia de esta relación de origen, la cual ha también orientado el diseño curricular de los programas de formación universitarios. Al otorgarle al francés y al inglés un estatus preferencial con respecto a otras lenguas "minoritarias", algunas de las cuales eran lenguas vehiculares en ciertas regiones o ciudades (tales como las lenguas Indígenas) y otras que podrían serlo (tales como el ucraniano, el español, el chino, el árabe, el urdu, etc.) la política pública, que contempla el contenido y la financiación de los programas universitarios, también ha restringido la formación de traductoras y traductores a las "lenguas oficiales". Este trabajo presenta datos preliminares de un proyecto cuyo objetivo es el de proponer modelos de políticas lingüísticas y de traducción "postbilingües". Específicamente, se centra en Toronto, uno de los espacios canadienses de mayor heterogeneidad lingüística, y en su política de traducción multilíngüe. Con base en la adaptación del modelo de planeación lingüística de Spolsky que realizó González Núñez, el artículo presenta un argumento en favor de políticas lingüísticas y de traducción nuevas que respondan a las realidades lingüísticas marcadamente distintas y en ocasiones incluso contradictorias que se encuentran a lo largo de las zonas postbilingües de Canadá. La propuesta resalta elementos para una política basada en datos empíricos. El artículo parte también de investigaciones sobre derechos linguísticos (tal como el de De Schutter) y busca, desde este punto de vista, servir de base para una discusión preliminar para la creación de políticas lingüísticas y de traducción que sirvan para generar nuevos modelos de formación de traductoras y traductores orientados hacia la igualdad de acceso a servicios de traducción para los hablantes de lenguas minoritarias. ; Au Canada, la traduction est née de processus de construction de la nation, qu'ils fussent historiques ou politiques, imbriqués et multi-couches. Un des volets de ces processus est la politique linguistique du pays, « le bilinguisime officiel ». Cette construction nationale est tellement enracinée que le gouvernement fédéral n'a aucunement ressenti le besoin de conjuguer aux lois linguistiques une législation de la traduction. Malgré ce vide, ou peut-être grâce à lui, le marché professionnel de la traduction est né en réponse au bilinguisme officiel et il reste influencé par ses a priori, qui ont, par là même, conditionné la conception des programmes universitaires de formation des traducteurs. En donnant à l'anglais et au français un statut privilégié par rapport à toutes les autres langues « minoritaires » existant autrefois (les langues autochtones) et/ou les langues véhiculaires (ukrainien, espagnol, chinois, arabe, urdu, etc.) de certaines régions ou villes, les politiques publiques, qui touchent le contenu et le financement des programmes universitaires, ont également restreint les formations en traduction aux « langues officielles ». Cet article présente les données préliminaires d'un projet dont le but est de proposer des modèles de politiques linguistiques post-bilingues et une politique de la traduction. Plus précisément, ce travail s'attache à un des espaces les plus hétérogènes au niveau linguistique au Canada, Toronto, et à sa politique de traduction multilingue. En s'appuyant sur l'adaptation que González Núñez fait du modèle d'aménagement linguistique de Spolsky, je propose un nouvel ensemble de politiques linguistiques et de la traduction qui inclut des réalités linguistiques disparates, et parfois contradictoires, dans les zones post-bilingues au Canada, mettant en avant des éléments qui pourraient façonner des politiques qui seraient fondées sur des informations factuelles. Cet article, également inspiré par la recherche en droits linguistiques (par ex. De Schutter), sert de discussion préliminaire au sujet de politiques linguistiques et de politiques de traduction qui pourraient servir de tremplin pour de nouveaux modèles de formation des traducteurs, lesquels garantiraient un accès égal aux services de traduction pour les locuteurs de langues minoritaires. ; No Canadá, a tradução sempre foi conceituada no seio de processos históricos e politicos multidimensionais e imbricados, ligados à construção da nação. Uma das vertentes destes processos é a política linguística, conhecida como "bilinguismo official". Este construto nacional é tão enraizado, que o Governo Federal não reconhece a necessidade de adequar as leis canadenses relacionadas às línguas com qualquer legislação sobre a tradução. Apesar dessa lacuna – ou, talvez, em decorrência dela – o mercado profissional de tradução surgiu inicialmente como um corolário do bilinguismo official e se mantém determinado por este a priori, o que também orientou a formulação de programas de treinamento de tradutoras nas universidades. Ao privilegiar o inglês e o francês em detrimento de outras línguas "minoritárias" que já foram (ex., línguas indígenas) e/ou podem se tornar (ex. ucraniano, espanhol, chinês, árabe, urdu, etc) veiculares em certas regiões ou cidades, as políticas públicas, que incluem o conteúdo curricular e o financiamento de programas de formação universitária, têm também restringido o treinamento de tradutoras às "línguas oficiais". Este trabalho apresenta dados preliminares de um projeto que propõe modelos para políticas linguísticas pós-bilíngues e relacionadas à tradução. De modo específico, focalizamos Toronto, um dos espaços mais heterogêneos linguisticamente, e sua política de tradução multilíngue. Com base na adaptação do modelo de planejamento linguístico de Spolsky, proposta por González Núñez, defendemos uma série de políticas linguísticas e de tradução para compor as realidades díspares e, não raro, contraditórias nas regiões pós-bilíngues do Canadá, ressaltando os elementos que poderão informar as políticas de base empírica. Com o respaldo de pesquisa no campo dos direitos linguísticos (ex. De Schutter), este trabalho também apresenta uma discussão preliminar sobre políticas linguísticas e de tradução que poderá impulsionar a elaboração de novos modelos de formação para tradutoras, que garantam às falantes de línguas minoritárias acesso igualitário aos serviços de tradução.
Dear readers, authors and reviewers,As usual in RESI's issues, vol. 9, n. 2, brings papers from authors from many different institutions. This time, the authors of the ten papers come from eleven different universities. This provides clear evidence of the journal's spread of reach and capilarity. What calls the attention now is the fact that three of the papers were submitted in English, although there are Latin Americans among their authors. There are at least five other papers going through the review process right now that were also written in English in spite of their authors being native speakers of Portuguese or Spanish, which increases or perception that there is a trend towards that.RESI's editors consider this a very positive movement, because it increases the visibility of the journal among a broader audience. The fact that RESI pioneered the adoption of DOAJ, now the leading indexer of open access academic journals in the world, and that it started using DOI to identify its issues and papers prior to most other Latin American journals demonstrate our concern in providing more visibility to the research that is carried out in Latin America. Of course, publishing papers in English will make that effort more effective. RESI intends to become a connection hub between our scientific community and that of the Norther Hemisphere. Therefore, papers in English will always be very welcome.In spite of that, we would like to stress our commitment with the publication of sound research developed in Portugues or Spanish, because that is essential for the integration of ibero-american researchers, something which still needs a lot of promotion. We should also highlight that issues involving information systems many times have a relevant cultural component that needs to be addresses by researchers that are familiarized with local realities and generate results that can be discussed with local authorities and society in general. And that is, surely, easier to do using the national language of those concerned. We shouldn't be happy to only import technologies that were developed in "the developed world" (no matter what that means!) adapting them to our local problems without a thorough reflection on their capacity, or even usefulness, in solving them.Therefore, at the same time we celebrate the interest and the courage of our authors to try and express themselves in a foreign language, in order to increase the visibility of their work, we will always be open to papers written by authors in their native language, if we have the technical conditions to review it properly, which currently only happens to Portuguese, Spanish and English. After all, an electronic journal such as RESI can provide international visibility for those who seek it, while also creating a democratic environment for the discussion of local issues with those who have a particular interest on it, which may be less effective if not done in the national language of the stakeholders.Having this reflection been made, we invite our authors, reviewers and readers to keep this "caotic" diversity of languages, perspectives and ideologies which have always characterized the University and now call attention to the papers that comprise this issue, which will be briefly presented in the next few paragraphs:The first paper, "Information systems graduate education and research in Brazil", written by Renata Mendes de Araujo and Márcio de Oliveira Barros, opens this issue with an important issue to all of those involved with graduate education in the Information Systems' field, which is the way we are forming the next generations of researchers in our maters and doctorate programs. In this paper, the authors report their experience in consolidating their graduate school at Unirio. The paper is addressed to researchers that deal with IS from an informatics perspective, but could also interest those who see IS from a managerial perspective.Lisiane Barea Sandi and Amarolinda Zanela Saccol show their concern with the way our society is assimilating new technologies, highlighting the fact that, in spite of the obvious benefits, there are also reasons for concern. In " Information overload due to the adoption of mobile and wireless information technologies and its consequences to sales professionals" the authors use an exploratory survey with 75 sales professionals, trying to analize the impacts of mobile telephony on their quality of life."The influence of managerial work determinants on the perception of fitness between technology and task: an exploratory study" is the work developed by Débora Bobsin, Monize Sâmara Visentini and Mauri Leodir Löbler, where they try to contribute to the understanding of information systems as tools to support the activities that are expected to be carried out by managers in organizations. The authors conclude that the more experience managers have with information systems, the more they consider that technology can affect his/her tasks. Also, the more access a user has to a system, the more he/she perceives the fit between technology and task.In "Motivation to create free and open source projects and how decisions impact success", Carlos Denner Santos Jr. and Kay M. Nelson propose a theoretical model that helps assess the reasons that lead an organization to get involved in open software development projects, so that, in the future, such projects can have their success evaluated in a more objetive way. This is an interesting complement to another paper the first author had published at Revista de Administração de Empresas, v. 50, n. 4, late in 2010.In "Engagement or friendship? The perspective of customers and suppliers about business relationships in the software sector", Rita de Cássia de Faria Pereira, Carlo Gabriel Porto Bellini and Fernando Bins Luce use a very original approach (interviews of pairs of customers-suppliers in the software industry – 14 dyads) to analyze issues concerning their relationships (commitment, trust, adaptation, cooperation, and communication) and contextual factors that may amplify or moderate those attributes (uncertainty, interdependence, and the existence of alternative suppliers).Edimara Mezzomo Luciano, Leandro Pilatti, Maurício Gregianin Testa and Ionara Rech deal with the use of COBIT framework to improving management processes of outsourced activities for both involved companies. The paper's title is " Applicability of COBIT in managing outsourced information technology activities: an investigation based on two multinational companies".Perceiving the influence of information technologies on the way companies organize themselves and coordinate their activities with those of customers and suppliers, Dayane Mayely Silva de Oliveira and Max Fortunato Cohen (UFA), carried out a literature review and mapped 21 technologies that facilitate the integration of production processes and emphasize the collaboration among autonomous organizations. This is reported in: "IT use along the supply chain in conjunction with the major management collaboration techniques".Problems involving information security increase as companies integrate their processes and systems to those of their business partners by means of computer networks. Concerned with that, Alexandre dos Santos Roque, Raul Ceretta Nunes and Alexandre Dias da Silva developed, in their paper "Proposition of a dynamic model for managing security information on industrial environments", a dynamic model for information security management, in which interaction, cooperation and motivation (of upper-management, supervisors and workers) are emphasized in order to meet the new demands of information security management: responsibility, trust and ethics.In an environment of activity/process integration of organizations and their business partners and huge information flow among the interested partiesas discussed in a previous paper in this issue (see Oliveira and Cohen), it becomes essential to adopt information security policies to make sure that information is always available to those who need it and do not fall in wrong hands. Leonardo Guerreiro Azevedo, Diego Alexandre Aranha Duarte, Fernanda Baião and Claudia Cappelli developed a set of criteria and a method to assess tools for management and execution of authorization rules for the access and use of information systems, applying them to a real situation at Petrobrás, one of the leading oil companies in the world, which they discuss in "Evaluating tools for execution and management of authorization business rules".Finally, the paper "Requirements and wished features for software testing tools: a study based on the use of SQFD", authored by Ismayle Sousa Santos, Rodolfo S. Ferreira de Resende, Pedro Alcântara Santos Neto and Clarindo Isaias P. da Silva e Padua presents the adaptation of QFD (Quality Function Deployment), a Quality technique developed originally for industrial products, to sortware development. By means of intelligent argumentation and detailing of all necessary steps for implementing the methodology, the authors make it easy for the reader to understand its possible use in the new field and contribute for its dissimination among the software developers. I wope you all have fun reading the papers in this issue!Alexandre R. GraemlEditor ; Prezados leitores, autores e revisores,O volume 9, número 2, como tem sido usual nas edições da RESI desde a sua fundação em 2002, é marcado pela diversidade geográfica dos seus autores. Desta vez, há onze instituições representadas entre os autores dos dez artigos publicados. Isto evidencia a abrangência e capilaridade deste periódico, agora com a contribuição de autores de seis estados brasileiros: Amazonas, Minas Gerais, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, além de um norte-americano, do estado de Illinois, nos Estados Unidos. Mas o que chama mais atenção, e talvez já demonstre a preocupação dos autores brasileiros e latino-americanos em aumentar a visibilidade internacional da sua produção, é que três dos dez artigos ora publicados foram submetidos à revista em inglês. Há pelo menos outros cinco artigos de autores de língua espanhola ou português em análise no momento, para eventual publicação em edições posteriores da revista, o que reforça a percepção de que existe uma tendência nessa direção.Os editores da RESI consideram essa iniciativa louvável. O fato de a RESI ser o periódico brasileiro há mais tempo no DOAJ, o principal indexador de revistas de acesso livre no mundo, e de dispor de DOI para todos os artigos publicados nos últimos anos, individualmente, demonstra a nossa preocupação em dar visibilidade à pesquisa realizada na América Latina e para que isso ocorra mais eficazmente devemos começar a explorar mais o idioma inglês, não só no abstract, como sempre foi feito, mas também no corpo dos nossos trabalhos, sempre que possível. O esforço de internacionalização da revista, que pretende ser o principal fórum de discussões da área na América Latina, mas também um meio de conexão da nossa comunidade científica com os pesquisadores do Hemisfério Norte, deve ir nessa direção. Por isso, são muito bem vindos os manuscritos em inglês.Apesar disso, gostaríamos de reforçar nosso comprometimento com a publicação de bons textos em português ou espanhol, porque eles são essenciais para a maior integração dos pesquisadores ibero-americanos, que ainda precisa ser muito fomentada. É importante lembrar que as temáticas de sistemas de informação estão (e em alguns casos deveríam ser ainda mais!) relacionadas a questões culturais que precisam ser exploradas na pesquisa de autores que estejam familiarizados com as realidades locais envolvidas e gerar resultados de pesquisa que possam ser discutidas com agentes governamentais e a comunidade local, algo que, seguramente, ocorre de forma facilitada no idioma nacional. Não basta importarmos tecnologias dos "países mais desenvolvidos" (o que quer que isso signifique!) adaptando-nos a elas sem uma reflexão sobre sua capacidade, ou mesmo utilidade, na solução dos nossos problemas, considerando que foram desenvolvidas em outro contexo e, possivelmente, para outros fins.Por isso, ao mesmo tempo que festejamos o interesse (e a coragem!) dos nossos autores de se utilizarem de idioma estrangeiro para tornar sua pesquisa mais visível no exterior, em uma atitude nítidamente expansionista, também queremos deixar claro que a RESI sempre estará aberta e acolherá com carinho os trabalhos escritos no idioma original do seu autor, desde que tenhamos condições técnicas de avaliá-lo competentemente, o que hoje ocorre para o português, o espanhol e o inglês. Afinal, uma revista eletrônica como a RESI pode fornecer grande visibilidade internacional para aqueles que a procuram, mas também um espaço de discussão democrático que possibilite a comunicação dos seus autores com a sociedade, principalmente nos casos em que houver questões culturais e sociais importantes em discussão, o que pode ficar prejudicado se não no idioma nacional.Feita essa reflexão inicial e o convite para que mantenhamos sempre a "caótica" diversidade de idiomas, de perspectivas e de ideologias que caracteriza a Universidade, gostaria de chamar a atenção de todos para os artigos que compõem essa edição, brevemente descritos a seguir:O primeiro artigo, "Information systems graduate education and research in Brazil", de Renata Mendes de Araujo e Márcio de Oliveira Barros, ambos da Unirio, abre essa edição da RESI discutindo um tema muito importante para os pesquisadores que estudam Sistemas de Informação no Brasil, que é a forma como estamos preparando as novas gerações de pesquisadores em nossos programas stricto sensu. No artigo, os autores relatam a experiência de sua instituição na consolidação de um curso de pós-graduação na área. O trabalho é mais voltado para programas com origem na informática, mas encontrará leitores também entre aqueles que estudam as tecnologias de informação a partir de uma perspectiva de negócios.Lisiane Barea Sandi e Amarolinda Zanela Saccol, da Unisinos, demonstram sua preocupação com a forma como a sociedade está se apropriando das novas tecnologias, salientando que, além dos óbvios benefícios, há também questões preocupantes, que precisam ser discutidas. Em "Sobrecarga de informações geradas pela adoção de tecnologias da informação móveis e sem fio e suas decorrências para profissionais de vendas" as autoras se utilizam de uma survey exploratória com 75 profissionais da área de vendas, procurando analisar os impactos do telefone celular sobre sua qualidade de vida."A influência dos determinantes do trabalho gerencial na percepção do ajuste entre a tecnologia e a tarefa: um estudo exploratório" é o trabalho de Débora Bobsin, Monize Sâmara Visentini e Mauri Leodir Löbler (UFRGS e UFSM), em que procuram contribuir para o entendimento dos sistemas de informação como ferramenta de suporte para a execução das tarefas que compõem o papel do gestor na organização. Os autores concluem que quanto mais aumenta a experiência do indivíduo com os Sistemas de Informação, maior o ajuste percebido por ele, entre a tecnologia e a tarefa que executa. Da mesma forma, quanto maior o acesso do usuário ao sistema, maior o ajuste percebido entre tecnologia e tarefa.Em "Motivation to create free and open source projects and how decisions impact success", Carlos Denner Santos Jr. e Kay M. Nelson (USP e Southern Illinois) propõem um modelo teórico que ajuda a avaliar o que leva uma organização a se envolver em projetos de desenvolvimento de software livre para que, no futuro, seja possível avaliar com mais propriedade o sucesso dessas iniciativas. Trata-se de um complemento interessante a outro artigo publicado recentemente pelo primeiro autor na RAE (v. 50, n. 4, out/dez 2010).Em "Namoro ou amizade? A visão de clientes e fornecedores sobre relacionamentos de negócio no setor de software", Rita de Cássia de Faria Pereira, Carlo Gabriel Porto Bellini e Fernando Bins Luce (os três primeiros da UFPB e o último da UFRGS) adotam uma abordagem bastante original (entrevistas com 14 díades cliente-fornecedor do setor gaúcho de software - 28 empresas ao todo) para analisar aspectos relacionados ao relacionamento entre essas empresas (comprometimento, confiança, adaptação, cooperação e comunicação) e fatores contextuais que podem influenciá-los (incerteza, interdependência e disponibilidade de fornecedores alternativos).Edimara Mezzomo Luciano, Leandro Pilatti, Maurício Gregianin Testa e Ionara Rech (todos da PUC-RS) analisam a forma como a adoção do framework do COBIT pode auxiliar no aprimoramento dos processos de gestão das atividades terceirizadas, tanto pela empresa terceirizada quanto pela que terceiriza o serviço. O título do artigo é: "Aplicabilidade do Cobit na gestão de atividades de tecnologia da informação terceirizadas: uma investigação com base em duas empresas multinacionais".Percebendo a influência cada vez mais intensa das tecnologias da informação sobre a forma como as organizações se organizam para a produção e agregação de valor, Dayane Mayely Silva de Oliveira e Max Fortunato Cohen (UFA), fazem um levantamento bibliográfico sobre o fenômeno, mapeando 21 tecnologias que facilitam a integração de processos produtivos e incentivam a colaboração entre empresas autônomas. Isto é relatado em: "Os usos da TI ao longo da cadeia de suprimentos e em conjunto com as principais técnicas colaborativas de gestão".Os problemas relacionados à segurança da informação aumentam, na medida em que as empresas se informatizam e integram seus processos aos de parceiros de negócios por meio de redes de computadores. Preocupados com isso, Alexandre dos Santos Roque, Raul Ceretta Nunes e Alexandre Dias da Silva (UFSM) desenvolvem, em seu artigo "Proposição de um modelo dinâmico de gestão de segurança da informação para ambientes industriais", um modelo dinâmico de gestão da segurança da informação em que a interação, a cooperação e a motivação das pessoas (alta-gerência, chefes e funcionários) são priorizadas para atender os novos requisitos da gestão da segurança da informação: responsabilidade, confiança e ética.Em um cenário de integração das atividades das empresas com parceiros de negócios e grande fluxo de informações entre elas, conforme discutido inclusive em outro artigo dessa edição (ver Oliveira e Cohen), torna-se essencial que se adotem políticas de segurança da informação, para garantir que ela esteja sempre acessível àqueles que precisam e devem ter acesso a ela e não caiam em mãos indesejadas. Leonardo Guerreiro Azevedo, Diego Alexandre Aranha Duarte, Fernanda Baião e Claudia Cappelli (todos da Unirio) desenvolvem um conjunto de critérios e um método para avaliação de ferramentas para gestão e execução de regras de autorização para o acesso e utilização de sistemas, aplicando-os ao caso real da Petrobrás, conforme relatado em "Evaluating tools for execution and management of authorization business rules".O artigo "Requisitos e aspectos técnicos desejados em ferramentas de testes de software: um estudo a partir do uso do SQFD", de Ismayle Sousa Santos, Rodolfo S. Ferreira de Resende, Pedro Alcântara Santos Neto e Clarindo Isaias P. da Silva e Padua (a primeira da UFPI e os demais da UFMG) apresenta uma adaptação ao desenvolvimento de software da ferramenta QFD (desdobramento da função qualidade), tão defendida pelos guros da qualidade para aplicação a processos industriais. A argumentação inteligente e o detalhamento dos passos a serem executados na implementação da metodologia facilitam a compreensão do seu uso pelo leitor e contribuem para a sua divulgação entre os informáticos. Desejo a todos uma ótima leitura!Alexandre Reis GraemlEditor
A trajectória da crise, nesta parte da Europa de onde escrevo, está a deixar um rasto de inquietação e tempestuosidade que nada faria crer quando foram conhecidas as primeiras previsões do crescimento económico para o ano de 2010. Com os principais índices económicos a recuperar melhor do que o previsto, a Europa parecia preparada para enfrentar uma nova era, sobretudo depois do alívio que representou a resolução do imbróglio constitucional checo e a consequente entrada em vigor do Tratado de Lisboa. Assim, em Dezembro de 2009 todos os índices, da produção industrial ao crescimento, à inflação e à consolidação dos activos das instituições financeiras, pareciam prognosticar o regresso ao caminho seguro da produção de riqueza. Para lá da zona euro, as dificuldades financeiras na Europa Central ao longo de 2009 pareciam ter deixado de estar na primeira linha das ansiedades dos mercados, com o FMI a conceder avultados empréstimos e condições draconianas a países como a Roménia ou a Hungria, mas a fazer com que o receio de default da dívida nestes países tivesse abrandado sensivelmente e deixado de pressionar as respectivas economias. Contudo, e quase ao mesmo tempo que os dirigentes políticos se apressavam a declarar o fim da crise, as suas consequências mais profundas estavam ainda para vir à tona. A primeira delas foi a destruição de emprego, com os números do desemprego a crescerem até níveis inusitados. Um pouco por toda a Europa, o desemprego acabou por chegar perto dos 10%, e até a ultrapassar este patamar psicológico, como no caso de Espanha que o poderá até duplicar. Pior que isso, as previsões apontam para o agravamento do desemprego ainda ao longo deste ano 2010, o que atira para a completa inutilidade as apressadas declarações do fim da crise. Os economistas explicam esta dificuldade de recuperação do emprego depois de uma crise deste tipo, mas as dificuldades dos governos em gerirem as suas consequências sociais são notárias e potencialmente explosivas para a paz social. Em segundo lugar, as dificuldades de tesouraria das pequenas e médias empresas prometem manter-se, pelo que vários governos anunciaram que não retirariam os incentivos financeiros que aprovaram nos últimos dois anos na estratégia de combate à crise. Em terceiro lugar, a intervenção dos governos para obviar os impactos mais profundos da crise sobre as pessoas e as empresas arrasou o exercício orçamental de 2009 na generalidade dos estados europeus e fez agravar a dívida pública – deixando-os mais longe que nunca do cumprimento das metas estabelecidas pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), um compromisso que obriga todos os membros da zona euro. Na zona euro, as dificuldades atingiram sobretudo os países mais periféricos e com dificuldades estruturais ao nível da competitividade e criação de riqueza, quer dizer, Portugal, Espanha, Grécia e, de algum modo, também a Itália (o grupo de países que no Reino Unido é muitas vezes designado de 'PIGS'), levando alguns a expressar as maiores preocupações quanto ao impacto da moeda única num espaço que não dispõe de política económica nem de política fiscal comum. Em Janeiro, a Grécia tornou-se no alvo preferencial das análises ao conhecer-se que atingiu, em 2009, um défice orçamental de 12,7% do PIB e uma dívida de mais de 120%, fazendo repicar todas as campainhas de alarme relativamente à estabilidade da zona euro e ressuscitando as dúvidas dos mercados financeiros quanto à capacidade de pagamento da dívida. A este propósito, as agências de notação financeira como a Moody's, a Fitch e a Standard & Poor's aumentaram o grau de risco da dívida grega e provocaram o aumento das taxas de juro da dívida pública e, por consequência, o juro dos empréstimos públicos e privados. De um dia para o outro, a publicitação dos números do défice orçamental e da dívida pública provocou as ansiedades do mercado, e consequentemente, também fez voltar sobre os países mediterrânicos as expectativas dos especuladores quanto ao incumprimento generalizado. As preocupações relativamente à Grécia provocaram o voltar das atenções sobre países como Portugal e a Espanha, também com pesadas dificuldades provocadas pela crise e pelo apoio ao sector financeiro nacional. O défice português atingiu em, 2009, os 9,3% do PIB (depois de uma previsão de 8,3%, apresentada pelo governo em Outubro passado), com a dívida a chegar aos 76% e as dificuldades fizeram relembrar o histórico espanhol de incumprimento da dívida. Para 2009, o défice orçamental em Espanha atingiu 11,4% do PIB, com a dívida pública a chegar aos 68%. Já em Itália, o défice atingiu 9,3%, enquanto a dívida escalou até aos 114% do PIB. É preciso dizer que a trajectória destes países nos últimos anos não é a mesma, e que a tentativa de os agrupar é muito contestável. A tendência para o aumento da dívida pública é comum a estes países, mas o seu peso relativo difere de caso para caso. A dívida espanhola desceu dos 66% no final do século para os 36% antes da crise; a dívida portuguesa vinha em crescimento, dos 50% no ano 2000 para os 66% antes da crise. Quanto à Itália, a dívida historicamente alta manteve-se sempre acima dos 100% do PIB e variando entre os 118% de 1997 e os 103% antes da crise. No caso da Grécia, os valores da dívida mantiveram-se perto dos 100% do PIB durante este período. A consolidação orçamental também tem seguido caminhos bastante diferentes nos últimos anos. A Espanha vem de vários anos de super-havit, com 2% em 2006 e 1,9% em 2007, mas apresentando já em 2008 um défice de 4,1% do PIB. Quanto à Grécia, o exercício de 2008 apresentava um défice de 7,7%, sendo que os valores dos anos anteriores superaram sempre em muito os 3% estabelecidos pelo PEC. Quanto a Portugal, e após um descontrolo das contas no exercício de 2005, as medidas de austeridade implementadas pelo governo socialista fizeram cair o défice para uns históricos 2,6% em 2007 e 2,7% em 2008. No caso da Itália, o défice público estava abaixo dos 3% do PIB até 2003, ano em que superou este valor, mantendo-se entre os 3,5% e os 4,3% até 2006. Em 2007, o défice tinha baixado para 1,5%, subindo no ano seguinte, fruto da crise, para os 2,7% do PIB.O controlo da Comissão Europeia sobre as contas dos estados-membros (sobretudo sobre as contas dos da zona euro) e o inevitável cumprimento do PEC foi relaxado durante a crise mas, logo que os primeiros sinais de retoma apareceram, foi estabelecida uma nova meta para impor o rigor orçamental. Assim, 2013 é agora o novo prazo para trazer as contas públicas de volta aos níveis estabelecidos pelo PEC, sendo que, até lá, a Comissão Europeia se prepara para exercer uma função fiscalizadora que provavelmente nunca até agora foi tão visível nem tão potencialmente punitiva. De acordo as ansiedades de alguns sectores europeus, o descalabro das contas públicas à maneira grega poderia mesmo pôr em causa a estabilidade da união monetária europeia, pelo que já surgiram avisos velados de que, a manterem-se as dificuldades, países como a Grécia, Espanha e Portugal poderiam vir a ter que deixar o euro. Em declarações ao jornal alemão Die Welt, o Ministro grego das Finanças Georges Papaconstantinou negou categoricamente tais informações e reiterou a confiança na capacidade do seu país para equilibrar as contas públicas sem a ajuda financeira externa. A verdade é que as novas emissões da dívida pública destes países não apresentaram dificuldades e surgiram mesmo notícias do interesse da China e de investidores asiáticos por essas operações, o que avoluma as suspeitas de movimentos especulativos por detrás dos sobressaltos dos mercados financeiros. As declarações são contraditórias, facto que só ajuda ao nervosismo dos mercados e aguça o apetite dos especuladores. A este propósito, lembro aqui as declarações incendiárias de Joaquín Almunia, ainda enquanto Comissário europeu para os assuntos económicos e financeiros (na Comissão Barroso II assumiu a pasta da concorrência). Numa conferência de imprensa no dia 4 de Fevereiro, por ocasião da análise, por parte da Comissão, do Programa de Estabilidade e Crescimento apresentado pela Grécia, Almunia fez questão de associar as dificuldades deste país às de outros países, e referiu Portugal e a Espanha. Nos dias seguintes, as bolsas europeias, em especial Madrid e Lisboa, caíam a pique, com as piores perdas desde Novembro de 2008. Em dois dias, a bolsa lisboeta perdeu 16 mil milhões de euros e as obrigações do tesouro (OT) portuguesas entraram em acentuada queda, elevando o diferencial entre as yields da dívida portuguesa face à alemã para 166 pontos base, o spread mais elevado desde Março de 2009. No prazo de cinco anos, a yield da OT portuguesa subiu 4 pontos base, na dívida espanhola subiu 2 pontos base e na grega avançou 16 pontos base. No que toca aos credit default swaps(CDS), seguros que permitem aos investidores protegerem-se contra o incumprimento da dívida, há também a registar um novo máximo, com uma subida de 15 pontos base para 242 pontos base, de acordo com a Bloomberg que cita dados da CMA Datavision. Este é o valor mais elevado desde que estes títulos são transaccionados no mercado e reflecte o agravamento da desconfiança dos investidores face às contas públicas portuguesas. OS CDS de Espanha subiram 4,5 pontos base para 171 pontos base, atingindo também um recorde, enquanto na Grécia atingiram um máximo histórico de 428 pontos base no dia 5, fixando-se depois nos 420 pontos. Os juros da dívida pública dispararam, o que vai tornar ainda mais difícil o financiamento das empresas.A reacção dos ministros das finanças de Portugal e Espanha não se fizeram esperar. Teixeira dos Santos e Elena Salgado reagiram prontamente contra as declarações do Comissário Almunia, procurando acalmar os mercados e mostrar que a situação grega não tem paralelo nas economias ibéricas, mas o dano estava feito. As críticas a Almunia foram-se multiplicando, com os analistas estupefactos perante a forma como o Comissário geriu as suas declarações. De facto, a conferência de imprensa referia-se ao Programa de Estabilidade e Crescimento apresentado pela Grécia para recompor as suas contas públicas. Como tal, deveria ter servido para acalmar os mercados e não para levantar novas dúvidas sobre outros países. Perante o descalabro das bolsas, o próprio Presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, fez questão de recorrer ao estatuto de Professor Catedrático de Economia para lembrar que a situação portuguesa é muito diferente da da grega. A generalidade dos analistas sublinhou que se tratava de mera especulação dos mercados, já que nenhuma nova debilidade tinha sido conhecida no dia 4 de Fevereiro que justificasse a instabilidade nas bolsas. No meio da turbulência, a agência de notação financeira Fitch reafirmou a semelhança das debilidades que caracterizam as economias grega, portuguesa e espanhola, mas considerou que não existe perigo de contágio para as economias mais fortes da zona euro. Deste modo, as atenções viraram-se definitivamente para Portugal e Espanha para a capacidade dos respectivos governos de proceder ao saneamento das contas públicas, já não até 2013 mas no imediato. Assim, o Programa de Estabilidade e Crescimento que ditos governos apresentaram em Bruxelas, e que foi escrutinado meticulosamente pela Comissão Europeia, foi visto como o momento decisivo para recuperar a credibilidade e até o favor dos mercados. Com um grau de endividamento público e privado nunca antes atingido, ambos governos viram-se obrigados a tomar medidas extremas e a prescindir de algumas das bandeiras de campanha para cortar a despesa pública. Ainda assim, e no meio da suspeita generalizada de que os dois países não seriam capazes de levar a cabo as reformas necessárias e de que os seus problemas poderiam arrastar a moeda única para o abismo, a cimeira europeia convocada para o primeiro fim-de-semana de Maio marcou um novo estádio político no ataque à crise. Passadas as eleições regionais, e perante pressões fortíssimas de Nicolas Sarkozy, a Alemanha de Merckel aceitou aprovar um plano de estabilização financeira do euro, com a concomitante ajuda a países em dificuldade financeira, facto que obrigou os governantes de Portugal e Espanha a aceitar medidas mais pesadas para controlar os respectivos défices. Depois da cimeira, Sócrates e Zapatero chegaram a Lisboa e Madrid como chefes de governo que haviam perdido uma parte importante da soberania financeira, a quem tinham sido impostas condições draconianas em troca da promessa de solidariedade do eurogrupo. É sabido que o próprio Obama contactou Zapatero para lhe tornar clara a gravidade da situação. Por seu lado, Sócrates e Zapatero apresentariam as novas medidas de austeridade às audiências nacionais como o contributo de Portugal e Espanha para a salvação do euro. A resistência dos governantes portugueses e espanhóis em admitir a gravidade da situação tem sido apontada como o maior entrave para a definição de uma estratégia credível de luta contra a crise. Aproveitando a pressão da cimeira a Portugal e Espanha, a generalidade dos países do euro adoptou um pacote de medidas duríssimas que passou pela limitação, às vezes com recurso a leis constitucionais, como na Alemanha, da despesa pública. A mudança de governo no Reino Unido provocou finalmente o reconhecimento do seu próprio problema e já se fala abertamente do país como um PIG. Tal como ficou decidido na Grécia, e na Irlanda antes dela, até 2013 a vida dos europeus vai ser marcada pelo aumento de impostos, pelo recorte de salários e pelo recuo da prestação de serviços pelo estado. Os salários da função pública serão congelados nos próximos anos ou, como já aconteceu na Irlanda, poderão mesmo baixar (o governo irlandês aprovou um corte de 5% nos salários mais baixos e 15% nos mais altos). A idade mínima para a reforma tenderá a subir, para ajudar na sustentabilidade da segurança social, e algumas regalias dos reformados serão inevitavelmente cortadas. Em Portugal, o investimento público, arma de José Sócrates na luta contra a crise, continuará a cair e o governo português já prescindir de algumas bandeiras eleitorais como a ajuda aos desempregados, a construção de novas auto-estradas, do novo aeroporto de Lisboa ou até de uma parte do programa de alta velocidade ferroviária. Quanto à subida dos impostos, há que lembrar que a consolidação orçamental conseguida por Sócrates entre 2005 e 2008 se deveu, em grande parte, à subida dos impostos, directos e indirectos, com o IVA máximo a atingir os 21%, depois baixando para os 20% em ano eleitoral. Depois da pressão europeia, foi já aprovada no Parlamento a subida da taxa de IVA para todas as categorias de produtos, também para os básicos, e o agravamento excepcional do imposto sobre o rendimento, com carácter retroactivo sobre todo o ano de 2010, e pelo menos até ao final de 2011. Com políticas recessivas desta natureza, a crise económica promete agravar-se na Europa e, neste contexto, muito pedem o reforço soberano do controlo da Comissão europeia sobre os orçamentos nacionais e o estabelecimento de um verdadeiro governo económico na União Europeia. Com ou sem maioria absoluta nos Parlamentos, os governos dos países periféricos encontram-se debilitados politicamente devido às medidas que já estão a tomar para pôr ordem nas contas públicas e dificilmente sobreviverão à contestação social. As manifestações contra os cortes salariais sucedem-se na Grécia e já provocaram o caos nas ruas de Atenas e até a morte de inocentes; o descalabro dos conservadores nas últimas eleições já foi a consequência do mal-estar social que se vive no país. E a seguir ao descalabro grego já se anuncia o descalabro húngaro. Em Espanha, a popularidade de Rodríguez Zapatero caiu a pique, os sócios nacionalistas abandonam o barco (a Espanha é a única grande economia europeia que ainda não saiu nem sairá tão depressa da recessão) e a reforma das leis laborais promete desatar todos os conflitos. Ao mesmo tempo, só um terço da população quer que Zapatero volte a apresentar-se a eleições e a oposição exige com cada vez mais frequência a antecipação das mesmas. Em muitos dos países periféricos da Europa, e não só, a crise financeira e económica está agora a dar lugar a uma crise orçamental e política que promete retardar a recuperação e aumentar, nos próximos anos, a instabilidade social. Ao contrário do que aconteceu nos anos 1980, o bode expiatório não será o FMI, mas poderá vir a sê-lo a própria União Europeia que em trinta anos substituiu o Fundo, para a Europa mediterrânica e oriental como autoridade supranacional inquestionável de governação económica, financeira e monetária.*Doctor en Relaciones Internacionales. Profesor del Instituto de Ciencias Sociales y Políticas, Universidad Técnica de Lisboa. Profesor Invitado del Instituto de Estudios Políticos, Universidad Católica Portuguesa