A migração internacional recente em território brasileiro já se apresenta como um fenômeno relevante, complexo e multifacetado da população há mais de 50 anos, em especial nas áreas de fronteiras. Os fluxos migratórios chamam a atenção pela complexidade e volume da circulação de pessoas e capitais, bem como pelos impactos nos espaços migratórios; diversos não somente em pontos de origem e destino, mas também em motivações, trajetórias e estratégias.[...]
En este artículo me propongo analizar las dinámicas de apropiación del proceso de politización indígena en Bolivia que ocurren entre migrantes de ese país en La Plata, una de las principales ciudades del Área Metropolitana de Buenos Aires, Argentina. A partir de la observación participante de carácter etnográfico en actividades de asociaciones de migrantes de ese país, agencias consulares, instituciones del Estado argentino y organizaciones sociales y políticas, la conclusión es que, a pesar de los condicionamientos a adoptar identificaciones étnicas en el espacio político en el contexto de recepción, los/as migrantes recuperan explícitamente formas de identificación y organización colectiva del movimiento indígena de su país. La originalidad del artículo está dada por el abordaje de la relación entre el proceso de etnización y los posicionamientos nacionales. Si bien en continuidad con la bibliografía precedente constatamos el fortalecimiento de los posicionamientos indígenas, estos no aparecen prioritariamente como modo de presentación y movilización de demandas, sino como antecedentes de lucha que informan activamente su subjetivación ciudadana en destino. En este sentido, la politización transnacional indígena no se constituye en oposición a los parámetros del Estado, sino que incorpora en la inserción de los/as migrantes en la comunidad política una experiencia semantizada como étnica. ; In this article, I propose to analyze the appropriation dynamics of indigenous politicization in Bolivia that occur among Bolivian migrants in La Plata, one of the main cities of the Metropolitan Area of Buenos Aires, Argentina. Based on ethnographic participant observation in the activities of Bolivian migrant associations, consular agencies, Argentine State institutions and social and political organizations, my conclusion is that, despite the constraints to adopt ethnic identifications in the political space in the context of reception, migrants explicitly recover forms of identification and collective organization of their country's indigenous movement. The originality of the article is given by the approach to the relationship between ethnicization and national positioning. Following the previous literature, we note the strengthening of indigenous positions, but these do not appear primarily as a way of presenting and mobilizing demands, but rather as a background of struggle that actively informs their subjectivation as citizens in the destination country. In this respect, indigenous transnational politicization is not constituted in opposition to the parameters of the State; rather, it incorporates an experience that is semanticized as ethnic in the insertion of migrants into the political community. ; Neste artigo, proponho-me a analisar as dinâmicas de apropriação do processo de politização indígena na Bolívia que ocorrem entre migrantes desse país em La Plata, uma das principais cidades da Área Metropolitana de Buenos Aires, Argentina. A partir da observação participante de caráter etnográfico em atividades de associações de migrantes desse país, agências consulares, instituições do Estado argentino e organizações sociais e políticas, conclui-se que, apesar das condições para adotar identificações étnicas no espaço político no contexto de recepção, os(as) migrantes recuperam explicitamente formas de identificação e organização coletiva do movimento indígena de seu país. A originalidade deste artigo está dada pela abordagem da relação entre o processo de etnização e os posicionamentos nacionais. Embora em continuidade com a bibliografia precedente, constatamos o fortalecimento dos posicionamentos indígenas, os quais não aparecem prioritariamente como modo de apresentação e mobilização de demandas, mas sim como antecedentes de luta que informam ativamente sua subjetivação cidadã em destino. Nesse sentido, a politização transnacional indígena não é constituída em oposição aos parâmetros do Estado, mas sim incorpora uma experiência semantizada na inserção dos(as) migrantes na comunidade política como étnica. ; Facultad de Periodismo y Comunicación Social
O grupo étnico Rohingya, uma minoria mulçumana que viveu por séculos entre a maioria budista no Mianmar, país do sudeste da Ásia, sofre atualmente de uma perseguição política (vista apenas como étnica e religiosa por grande parte da mídia internacional) que resultou em uma crise humanitária que escalou-se rápida e brutalmente, principalmente na fronteira com o Bangladesh, no noroeste do Estado do Mianmar, ocasionando o deslocamento forçado de centena de milhares de pessoas. Assim sendo, esta pesquisa tem por objetivos identificar os motivos que ocasionaram a migração forçada da população Rohingya do Mianmar que acabou por gerar uma crise humanitária sem precedentes na região e também o porquê da inércia da sociedade internacional frente a tais fenômenos. O método utilizado foi o descritivo-explicativo, utilizando como instrumento a pesquisa bibliográfica e documental e a Teoria Crítica das Relações Internacionais como base teórica. As principais respostas encontradas neste estudo foram as de que a perseguição da população Rohingya é resultado, dentre outras coisas, da herança colonial britânica e das diversas migrações e repatriações forçadas dessa minoria, assim como o fato de haver uma relativa inércia da sociedade internacional se dá principalmente pela incorporação das concepções políticas modernas de Estado e soberania às práticas dos atores das relações internacionais.
O objetivo desse artigo é de refletir sobre as consequências analíticas e políticas de se negligenciar o nexo entre clima e deslocamento no caso da resposta estadunidense aos recentes fluxos migratórios a partir da América Central, levando em consideração a literatura sobre migração climática e sobre a relação histórica dos EUA com migração internacional. Nossa análise compreende desde o período do início das caravanas migratórias da América Central, em 2017, até o final do ano de 2020. Utiliza-se uma metodologia qualitativa, trabalhando com fontes primárias como relatórios sobre clima e migração, declarações presidenciais, e artigos de jornais sobre as políticas migratórias dos EUA para as caravanas centro-americanas, onde é possível identificar implicações políticas e humanitárias que surgem a partir do uso de discursos antimigratórios e da desconsideração da relação entre mudanças climáticas e deslocamento forçado. A descaracterização desses fluxos migratórios como relacionados a fenômenos climáticos e a sua subsequente categorização como migração econômica convencional permite que os Estados Unidos assumam uma posição mais soberanista em detrimento de assumir a sua responsabilidade internacional em relação às mudanças climáticas e migrantes climáticos.
Durante o ano de 1975 meio milhão de pessoas chegaram a Portugal vindas das antigas colônias africanas (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde), predominantemente dos dois primeiros, as principais colônias lusitanas no século XX. Incapaz de acomodar esse grande volume de pessoas, assolado por grave crise econômica, Portugal solicitou auxílio. Houve negociações diplomáticas entre o país e o Comitê Intergovernamental para as Migrações Europeias (CIME), atual Organização Internacional para as Migrações (OIM). Por meio dessa instituição foram contatados países da América Latina, Brasil, Argentina e Venezuela, para que tais países recebessem parte dos migrantes que majoritariamente vinham de Angola. A grande maioria deles se instalou no Brasil. O governo criou uma força tarefa para auxiliá-los na chegada. Muitos foram auxiliados pela comunidade portuguesa. Desses, entre 80 e 90% retornaram a Portugal nos anos 1980. Quanto aos demais países da América Latina, a Venezuela, que tem a segunda maior colônia portuguesa da região, recebeu migrantes devido ao boom de exploração petrolífera. A Argentina, onde portugueses constituem o terceiro maior grupo de migrantes, recebeu um grupo menor.
Le terme "mobilité" est en vogue depuis plus de vingt ans. Le fait d'acteurs publics et privés de la gestion de la migration, il valorise la circulation des mains d'œuvre, produits, informations, capitaux et propose une définition nouvelle de la migration internationale. Elle serait une pratique normale, rationnelle, positive, et l'ingénieur, l'étudiant et le journalier agricole étrangers l'emblématiseraient. Cependant, les politiques migratoires adoptées depuis vingt ans montrent une autre réalité. Nous décrirons ces aspects, discursif et pratique, de la gestion de la migration. ; O termo "mobilidade" tem estado em voga há mais de vinte anos. Valoriza o aumento da circulação da força de trabalho, dos produtos, da informação e do capital, e propõe uma nova visão da migração internacional. A migração seria uma prática normal, racional e positiva, de que seriam emblemáticos o estudante estrangeiro, o engenheiro e o trabalhador agrícola. Contudo, as políticas de migração adotadas nos últimos vinte anos mostram uma realidade diferente. Descrevemos estes aspetos discursivos e práticos da gestão da migração. ; The term "mobility" has been in vogue for more than twenty years. It values the increased circulation of the work force, of products, information, and capital, and proposes a new view of international migration. Migration is a normal, rational, and positive practice, epitomized by the foreign student, engineer, and day labourer. Migration policies since the 1990's show another reality. We will describe and attempt to articulate these two new aspects of migration. ; El término "movilidad" está de moda desde hace más de veinte años. Valora el aumento de la circulación de la fuerza de trabajo, de los productos, de la información y del capital, y propone una nueva visión de la migración internacional. La migración es una práctica normal, racional y positiva, personificada por el estudiante, el ingeniero y el asalariado agrícola. Las políticas migratorias desde los años 90 muestran otra realidad. Describiremos e intentaremos articular estos dos nuevos aspectos de la migración.
Este artículo propone que los intermediarios han sido poco considerados o ignorados en las discusiones políticas y académicas sobre migración internacional en América Latina. Rescatando el rol histórico de los intermediarios o brokers en la migración global, se busca desafiar el énfasis sobre la agencia de migrantes y el rol del Estado en explicar migración regional, presentando el estado del arte sobre infraestructura de migración y su relevancia. Finalmente, se muestra que los diversos casos de migraciones asiáticas en Chile evidencian la importancia política del concepto y el fenómeno del uso de intermediarios. ; This article takes as its starting point the observation that brokers have been overlooked in political and academic discussions about international migration in Latin America. Highlighting the historical role of brokers in global migration, this article challenges current scholarly emphasis on migrant agency and the role of the State in explaining regional migration. It does so by providing an overview of current research on migration infrastructure and arguing for its relevance to Latin America. Finally, diverse cases of Asian migration to Chile are described and analyzed as a way to highlight the political importance and relevance of the concept and the phenomenon of migration brokers. ; Este artigo propõe que os intermediários foram mal considerados ou ignorados nas discussões políticas e acadêmicas sobre migração internacional na América Latina. Resgatando o papel histórico de intermediários ou intermediários na migração global, buscamos desafiar a ênfase na agência de migrantes e o papel do Estado na explicação da migração regional, apresentando o estado da arte da infraestrutura de migração e sua relevância. Por fim, mostra-se que os vários casos de migrações asiáticas no Chile mostram a importância política do conceito e o fenômeno do uso de intermediários.
Discute os principais aspectos estruturais do processo de constituição do recente movimento internacional de haitianos pela Amazônia Sul Ocidental (Estado do Acre), parcela expressiva dos imigrantes do início do século XXI, que sem condições de reprodução social digna na terra natal, são aliciados por redes de tráfico de pessoas e coiotagem e transportados até o Brasil. Desde 2010 eles são recebidos e preparados como força de trabalho pelo Estado brasileiro, ação diretamente articulada ao posterior recrutamento deles pela agroindústria do Centro-Sul do país. À luz do método dialético, na perspectiva crítica do trabalho, o objetivo primordial é compreender o significado sociológico do trânsito internacional desses trabalhadores precarizados, pretendendo situá-lo no terreno concreto do desenvolvimento do capital e suas desigualdades internacionais e regionais. Os procedimentos de investigação incorporam a pesquisa bibliográfica, documental e de campo, e a utilização de indicadores qualitativos e quantitativos do mundo do trabalho.
A transição demográfica traz consigo inúmeras transformações na estrutura etária, sendo uma delas o envelhecimento populacional. No Brasil, estima-se que 22,6% da população terá 65 anos ou mais em 2050, cenário semelhante ao vivido atualmente pelos países desenvolvidos. Diante dessas mudanças, debatem-se os limites e potencialidades da migração como uma possível forma de amenização dessa situação. De um lado, os imigrantes podem integrar a população em idade ativa, constituindo uma parcela importante da mão-de-obra brasileira futura. Por outro lado, emerge a preocupação que o país seja capaz de absorver esses estrangeiros e que, mais tarde, esses também envelhecerão, aumentando o peso das idades mais envelhecidas. Nesse contexto, surge o termo "migração de reposição" que se refere ao processo migratório com intuito demográfico relativo à estrutura etária ou tamanho populacional. Dessa forma, para analisar o possível impacto da componente migratória sobre a estrutura etária brasileira até o ano de 2050, elaborou-se projeções demográficas a partir de distintos cenários com base no Método das Componentes Demográficas. Os cenários que objetivaram a atenuação da razão de dependência ou basearam-se em taxas líquidas de migração de países receptores de migrantes, como a Alemanha, foram os que resultaram em saldos migratórios mais razoáveis.
Rea l i z o u -s e em Haia de 12 a 18 de junho de 1957 o XIII CongressoInternacional de Municipalidades promovido pela "Unicn International desVilles et Pouvoirs Locaux" sob o alto patrocínio do Governo de Sua Majestadea Rainha dos Países Baixos.O Congresso desenvolveu-se em três seções: duas relativas ao temageral — "La Ville et la Campagne", (desmembradas, respectivamente, em"section-Ville" e "section-Campagne" ), e uma especializada, de "Assuntoseuropeus" . Nesta ordem metodológica, os subtemas oficiais foram cs seguintes:1 — Os problemas da expansão urbana-.a) As cidades em via de expansão,b ) A industrialização das regiões rurais,c) O problema do congestionamento da circulação no centro dascidades.II — O desenvolvimento da vida comunitária nas zonas rurais.III — Os governos municipais e a integração econômica européia:a) A criação de um mercado comum e suas repercussões econômicase sociais,b ) Os problemas sociais suscitados pela migração da mão-de-obra,c) O problema da habitação na Europa.
O artigo apresenta evidências das conexões prováveis da migração interna e a emigração internacional entre Governador Valadares e Ipatinga e as demais microrregiões brasileiras, com base na aplicação dos princípios teóricos e metodológicos da análise de redes sociais.
Este artigo se propõe a analisar como as modalidades migratórias internacionais fomentadas pelo setor de petróleo e gás se inserem no quadro teórico geral sobre migração internacional. Para tanto, utiliza-se como estudo de caso o estado do Rio de Janeiro, maior produtor de hidrocarbonetos do Brasil, e mais especificamente as cidades do Rio de janeiro e de Macaé. A partir de trabalhos de campo, foi possível verificar que as características do deslocamento realizado pelos profissionais imigrantes no setor em estudo, como a ausência de mudança de residência e seu aspecto temporário, fazem com que surjam dificuldades teóricometodológicas em sua análise e demonstram a necessidade de superação das visões tradicionais sobre mobilidade populacional internacional.
O texto a seguir apresenta alguns dados de uma pesquisa que investigou, por meio do enunciado de estudantes de graduação retornados de mobilidade estudantil internacional, em que medida programas de intercâmbio internacional refletem nas bases de significação de uma vivência intercultural. A partir das interações que foram estabelecidas nos países de destino, e a partir também do distanciamento das relações familiares, os estudantes apontam a experiência como uma ampliação da visão de mundo, um percurso em direção ao amadurecimento, um processo de constituição da autonomia e de identidades. A mobilidade gera uma nova forma de migração, uma vez que os estudantes intercambistas se inserem nas comunidades receptoras como estrangeiros. Essa migração apresenta-se como um forte instrumento de cooperação entre países e instituições e também como possibilidade de vivências interculturais.
O objetivo deste artigo é analisar as políticas de proteção aos migrantes extracomunitários ao continente europeu em relação às políticas de fronteira e de segurança da União Europeia e dos Estados-membros. A partir do estudo da União Europeia e do caso da Itália - por meio de documentos oficiais, atos de fala e depoimentos de migrantes -, procura-se entender de que forma o posicionamento do bloco estaria tendendo aos interesses internos ou à implementação das normas de direitos humanos. Desde a Primavera Árabe e a eclosão de conflitos em diversos países – a exemplo da Líbia –, houve o aumento dos fluxos migratórios para a Europa e, em especial, para a Itália, que demonstraram as limitações e os problemas de todo um sistema político baseado no conceito da diferença. Este trabalho terá como aporte teórico principal as teorias de securitização das Relações Internacionais, onde os atos de fala serão entendidos como formadores de uma determinada realidade – que no caso deste artigo, será a restrição à mobilidade. Ademais, esta pesquisa procura questionar as visões mais tradicionais da disciplina, focando na ideia do Estado e do sistema internacional, reproduzidos como instituições fixas, atemporais e ahistóricas. Os pressupostos de nação, fronteira e identidade serão igualmente problematizados, no intuito de demonstrar como as relações sociais são fluídas, não estando limitadas a um modelo socio-político entendido como dominante. O migrante, securitizado por políticas de exceção e práticas de restrição à mobilidade, passa a ser rotulado como uma ameaça existencial. Com uma pesquisa conjunta dos níveis nacional e europeu, pretende-se comparar as políticas de proteção aos migrantes com o processo de integração europeu. Considerando a política comum de fronteiras – Espaço Schengen – e a Frontex (Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas), argumenta-se que o livre movimento dos migrantes é restringido em nome de um discurso de segurança e identidade.