UMA HISTÓRIA DE DOIS TRIÂNGULOS: RELAÇÕES SINO-VIETNAMITAS DURANTE 1949-1990
In: Revista da Escola Superior de Guerra, Band 30, Heft 61, S. 128-146
Abstract
As relações sino-vietnamitas durante a Guerra Fria constituem uma história conturbada, repleta de episódios de solidariedade revolucionária, misturados com desconfianças e conflitos. De modo geral, diversos fatores afetaram as relações sino-vietnamitas e destruíram a cooperação fraterna entre os dois países socialistas: a Conferência de Genebra de 1954; divergência sino-soviética; a Revolução Cultural chinesa; aproximação sino-americana; e apoio chinês ao Pol Pot e Khmer Rouge. Em 1975, as relações China-Vietnã começaram a deteriorar e, ao término da guerra do Vietnã, Beijing e Hanói acabaram se distanciando um do outro. Entre 1976 e 1978, surgiram conflitos nas fronteiras, culminando com o alinhamento do Vietnã ao campo soviético em novembro de 1978. Quando o Camboja foi invadido pelo Vietnã em janeiro de 1979, Beijing percebeu que perdera para a União Soviética sua influência sobre o Vietnã e sobre o resto da península indochinesa. Portanto, Deng Xiaoping resolveu ensinar ao Vietnã uma lição, lançando uma guerra de grande escala contra o regime de Hanói. Os conflitos duraram praticamente toda a década 1980 até que em 1990, depois do colapso do bloco soviético, os dois países fizeram as pazes e normalizaram as relações. Toda a história das relações sino-vietnamitas no período 1949-1990 pode ser contextualizada e compreendida à luz de dois jogos estratégicos triangulares, um entre China-Vietnã-União Soviética e outro, entre União Soviética-China-Estados Unidos. O artigo procura embasar parte das narrativas nessa complexidade histórica e geopolítica durante a Guerra Fria.
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