Suchergebnisse

Abordamos no presente texto, a segregação racial na metrópole de São Paulo, tendo como centralidade o racismo. Interpretamos que a segregação de base racial não é algo recente na história das cidades brasileiras, ela sempre existiu, mas em razão do mito da democracia racial e
do racismo estrutural, as ciências que observam a cidade e o urbano voltaram-se, exclusivamente, para o contexto das desigualdades de classe social. Adotamos como procedimento teórico metodológico, a leitura e a interpretação de dados socioeconômicos do IBGE de 2010 e a literatura espaço urbano e relações étnico-raciais. "O direito à cidade" na realidade nacional, além das lutas em torno das desigualdades de classe social, implica a problematização e a interseccionalidade do gênero, relações étnico-raciais e o território.

O presente texto tem como objetivo apresentar o estado da arte sobre a cidade, a urbanização e as relações étnico-raciais no Brasil, em especial, as pólis e os territórios negros. Posteriormente, apresentamos os textos que constituem o dossiê, Cidades Negras nas Américas: a produção de políticas de enfrentamento ao racismo. Por último, é urgente a produção de ensino, pesquisa e extensão sobre as cidades brasileiras com ênfase nas relações étnico-raciais, como as urbes de grande, médio e pequeno portes, porque a população africana e afro-brasileira, durante os 388 anos do escravismo, fundou cidades, bairros e territórios com a sua força de trabalho e em toda a paisagem natural desenvolveu a produção social do espaço. No decorrer dos últimos 135 anos, da pós-abolição aos dias de hoje, foi exatamente a força de trabalho africana e afro-brasileira, por intermédio da cultura e da organização dos territórios de luta por direitos, que proporcionou o quadro atual do desenvolvimento no Brasil e nas Américas.